São Paulo, segunda, 27 de julho de 1998

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PRIVATIZAÇÃO
Norte-americanos, europeus e brasileiros têm interesse na empresa, cujo ágio deve superar os 100%
Telesp Celular é disputada por nove grupos

Patrícia Santos/Folha Imagem
Funcionário trabalha na colocação de tapumes em volta do prédio da Bolsa de Valores do Rio, que será cercado para dar proteção aos participantes do leilão da Telebrás.


ELVIRA LOBATO
da Sucursal do Rio


Pelo menos nove grupos empresariais devem apresentar propostas para compra da Telesp Celular no leilão de quarta-feira: AirTouch, Portugal Telecom, Telefónica de España, France Telecom, SouthWestern Bell, Cowan, British Telecom, o consórcio Globo, Bradesco e Italia Telecom e o consórcio da Bell Canadá com fundos de pensão.
Segundo um alto executivo da estatal, esses grupos foram os que demonstraram maior interesse pela companhia de São Paulo.
Além de consultarem o "data-room" (sala de informações) da empresa, solicitaram reuniões individuais com técnicos e dirigentes da Telesp Celular.
O governo fixou o preço mínimo de venda do controle acionário da Telesp Celular em R$ 1,1 bilhão, mas a expectativa dos analistas financeiros e dos próprios consórcios envolvidos na disputa é de que o ágio pode chegar a mais de 100% no leilão.
O interesse pela Telesp Celular se deve ao potencial de seu mercado. A empresa tem concessão para explorar o serviço celular em todo o Estado, com exceção do município de Ribeirão Preto, que possui telefônica própria, a Ceterp, cujo leilão está marcado para hoje na Bolsa de Valores de São Paulo.
Na banda B, que concorre com a Telesp, o Estado foi dividido em duas áreas de concessão: Grande São Paulo e interior. A concessão para a capital foi adquirida pelo consórcio liderado pela norte-americana Bell South e pelo banco Safra, que pagou R$ 2,6 bilhões pela concessão, quando o preço mínimo fixado pelo governo era de R$ 600 milhões.
A licença para o interior do Estado foi comprada pelo consórcio liderado pela telefônica sueca Telia, que não está entre os pré-qualificados para o leilão da Telebrás.
O serviço celular da Telesp faz cinco anos em agosto, quando, segundo a empresa, chegará a 1,5 milhão de assinantes. Só na capital existem mais de 2 milhões de inscritos para a compra de celular.

Telefonia fixa
Já a Telesp fixa é a mais valiosa das 12 empresas regionais que estão indo a leilão (ver mapas ao lado). Os dois mais fortes candidatos à compra da empresa são os consórcios da BellSouth com o banco Safra e o da Stet Internacional (do grupo Italia Telecom), Organizações Globo e Bradesco.
O preço mínimo da Telesp estabelecido pelo governo é de R$ 3,52 bilhões, e a expectativa é de um ágio superior a 20%.
Em recente entrevista à Folha, o vice-presidente-executivo da Rede Globo, Roberto Irineu Marinho, disse que o número de candidatos à compra da Telesp fixa pode ser pequeno, mas os compradores "estão com muita sede". A frase reforça a expectativa de ágio.
O consórcio liderado pela Telefónica de España é considerado o candidato mais forte à compra da Tele Centro Sul: empresa de telefonia fixa que inclui os Estados de Santa Catarina, Paraná, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás, Distrito Federal, Tocantins, Rondônia e Acre.
A empresa tem 3,8 milhões de assinantes, fatura R$ 3,7 bilhões por ano, e seu preço mínimo está fixado em R$ 1,95 bilhão. Dois grupos nacionais -a Inepar, do Paraná, e a BR Telecom, do Rio de Janeiro- também já declararam interesse pela Tele Centro Sul.
Na competição pela Embratel estão as norte-americanas MCI e Sprint. A primeira disputará a empresa sozinha e a segunda irá para o leilão em consórcio com o Banco Opportunity e fundos de pensão.



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