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PRIVATIZAÇÃO
Telesp Celular compra, por R$ 45 milhões, equipamentos com tecnologia que havia sido criticada por ministro
Telesp fecha contrato a 2 dias do leilão
da Sucursal do Rio
A Telesp Celular assina hoje,
antevéspera de
ser privatizada,
dois contratos
para a instalação de telefones
celulares digitais em 30 municípios do interior
de São Paulo.
Os contratos, para 160 mil telefones, somam R$ 45 milhões e serão
assinados com as empresas norte-americanas Lucent Tecnologies
e Motorola, na presença do ministro das Comunicações, Luiz Carlos Mendonça de Barros.
A última compra da estatal está
sendo feita sem concorrência pública. A empresa afirma que os
equipamentos são apenas "up
grade" (atualização tecnológica)
da planta já existente e que contratos similares foram assinados na
maioria dos Estados para que as
estatais pudessem competir com o
serviço digital privado da banda B.
O maior contrato é o da Motorola: 120 mil telefones nas regiões de
Campinas, São José do Rio Preto,
Araçatuba e Araraquara, no valor
aproximado de R$ 34 milhões.
A Lucent fornecerá equipamentos para 40 mil celulares digitais na
região de Bauru, Presidente Prudente e Marília. Seu contrato é de
cerca de R$ 11 milhões.
A tecnologia dos equipamentos,
chamada CDMA (Code Division
Multiple Acess), foi criticada por
Mendonça de Barros no mês passado, quando esteve na Europa
para divulgar o leilão da Telebrás.
Na ocasião, disse que o CDMA
não era a melhor alternativa para
São Paulo e chegou a sugerir que a
população aguardasse a venda da
Telesp para comprar celular. "Se
eu fosse comprar um celular, eu
esperaria", disse em Paris.
A afirmação foi uma bomba no
mercado. A Telesp havia acabado
de comprar da NEC, por concorrência pública, um sistema para 1
milhão de linhas celulares digitais
para a Grande São Paulo com a
mesma tecnologia CDMA.
A NEC do Brasil é uma empresa
das Organizações Globo, em sociedade com a NEC Corporation,
do Japão. A presença do ministro
na assinatura do contrato é um desagravo à Globo e aos demais fornecedores da tecnologia CDMA,
como Motorola e Lucent, que já
instalaram fábricas para produzir
os equipamentos no Brasil.
O edital de concorrência para a
Grande São Paulo previa que a tecnologia vencedora seria adotada
no interior do Estado, mas, segundo o ministro, o governo estava
"cozinhando" para não assinar o
contrato, deixando a decisão para
quem comprasse a Telesp.
A Globo respondeu às declarações do ministro afirmando que
ele estava "mal informado".
A Motorola produz centrais telefônicas em CDMA em Jaguariúna
(SP), e a Lucent, em Campinas.
O CDMA foi desenvolvido nos
EUA e difere do padrão digital europeu, GSM. As grandes indústrias européias de telecomunicações -Ericsson (Suécia) e Alcatel
(França)- não dominam o
CDMA e, segundo circulou no
mercado, influenciaram o ministro.
(ELVIRA LOBATO)
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