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Planalto só quer prorrogar CPMF, não fazer reforma, dizem Estados
RAYMUNDO COSTA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A primeira linha de ataque de
governadores à proposta tributária desembarcou ontem em Brasília acusando o Planalto de não ter
interesse em fazer a reforma, mas
apenas assegurar receitas para a
União por meio da prorrogação
da CPMF, o chamado imposto do
cheque, e da DRU (Desvinculação
de Receitas da União).
"À União não interessa a reforma tributária, mas a prorrogação
da CPMF e da DRU", atacou o governador de Sergipe, João Alves
(PFL), numa reunião de governadores do Nordeste. Na mesma linha se manifestaram Cássio Cunha Lima (PSDB-PB), José Reynaldo Tavares (PFL-MA) e Lúcio
Alcântara (PSDB-CE).
Pelo menos sete governadores e
dois vices mudaram ontem a rotina da Câmara. Para hoje é esperada a chegada de outros, inclusive
Geraldo Alckmin (SP) e Aécio Neves (MG), ambos do PSDB, para
uma reunião com o presidente da
Câmara, João Paulo Cunha (PT-SP), e líderes partidários às 11hs.
Pelo menos 15 governadores devem participar da conversa.
Governadores e líderes devem
discutir um roteiro sugerido a eles
pelo governo para a votação da
proposta: aprovar rapidamente
na Câmara, até o final deste mês, e
deixar a discussão de eventuais
mudanças para o Senado.
Como a modificação do texto
implicará a volta do projeto à Câmara, o que, por falta de tempo
útil, deixaria a aprovação definitiva da reforma só para 2004, os senadores manteriam integralmente apenas os itens referentes à
CPMF e à DRU, que seriam imediatamente promulgadas.
O roteiro enfrenta a oposição
dos Estados: eles teriam de resolver seus conflitos de interesse sem
a intermediação da União, que já
teria conseguido o que lhe interessa. "É um salto no escuro", disse
Cunha Lima. "Tudo que interessa
à União tem efeito imediato e vai
para a Constituição, o que interessa aos Estados está indefinido e fica para lei complementar."
Rosinha
A governadora do Rio, Rosinha
Matheus (PMDB), disse ao ministro Antonio Palocci Filho (Fazenda) que não pretende "radicalizar" nas discussões da reforma
tributária, desde que o governo
compense as perdas do Estado.
Afirmou que o Estado aceitará
regras de transição para as mudanças no ICMS estabelecidas no
texto da reforma caso o Planalto
abra mão dos recursos da exploração de petróleo (royalties) obtidos com o acréscimo da produção
no Rio nos próximos anos.
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