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PREVIDÊNCIA
Governo adia votação da reforma para hoje
RANIER BRAGON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
FERNANDA KRAKOVICS
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BRASÍLIA
A resistência dos oposicionistas
PFL e PSDB e a insegurança com
o quórum levaram o governo a
desistir de votar a reforma da Previdência em segundo turno ontem, na Câmara dos Deputados.
Nova tentativa ocorrerá hoje,
mas dependerá, além do quórum,
de acordo com a oposição -fundamental para a aprovação em
primeiro turno- em torno de
pendências da reforma tributária.
A intenção do governo de encerrar ontem a tramitação da proposta previdenciária na Câmara
(depois de aprovada, ela segue para o Senado) começou a ruir no final da tarde, quando a contagem
dos deputados revelava baixa presença para a votação de uma
emenda à Constituição: eram 390
às 17h e chegaram a 433 às 18h30.
Para aprovar o texto são necessários 60% dos votos dos deputados, o que dá 308 de 513. Além
disso, PFL e PSDB, que reúnem
123 deputados, afirmavam que
não votariam o texto ontem.
Primeiro turno
Na votação de primeiro turno,
por exemplo, 493 deputados estavam no plenário. Dos 358 votos
favoráveis à proposta, 62 vieram
de deputados do PFL e do PSDB.
Ou seja, sem parte da oposição
-influenciada pelos governadores e pelo senador Antonio Carlos
Magalhães (PFL-BA)-, a reforma não teria passado no plenário.
"Para uma votação tensa, que
envolve o conjunto da Câmara, se
o quórum está baixo e a margem é
pequena, é prudente adiar a votação. Não podemos correr riscos",
afirmou o presidente da Câmara,
João Paulo Cunha (PT-SP).
As razões apresentadas pela
oposição para não querer votar
ontem variavam de acordo com o
entrevistado. O deputado Jutahy
Magalhães Jr. (BA), líder da bancada tucana, afirmava que o noticiário sobre a votação da reforma
tributária, que, na avaliação dele,
mostraria ao país os males da proposta, não poderia ser ofuscado.
Acordo minado
Os deputados José Carlos Aleluia (BA), líder do PFL, e Antonio
Carlos Magalhães Neto (BA), que
liderou a ala do partido que votou
com o governo no primeiro turno, afirmaram que as dificuldades
nas negociações em torno da proposta tributária minaram o apoio
ao texto previdenciário.
"O governo atropelou a lógica
do processo ao votar a reforma
tributária sem um apoio mínimo,
isso fez com que perdesse o apoio
para a votação da Previdência no
segundo turno", afirmou Aleluia.
Um argumento, porém, unia
tucanos e pefelistas. A insatisfação com as declarações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva,
após a votação de primeiro turno,
que teriam passado a impressão
de que os parlamentares governistas foram os únicos responsáveis pela aprovação do texto.
Rebelião
Além dos problemas listados
acima, os líderes do governo se
debateram durante todo o dia
com a rebelião no PDT do ex-governador Leonel Brizola.
Contrariando acordo entre os
partidos, os pedetistas mantiveram a disposição de apresentar
um destaque (tentativa de modificação) à proposta para alterar o
subteto salarial do funcionalismo
nos Estados, estabelecendo um limite único, 90,25% do salário de
um ministro do STF (Supremo
Tribunal Federal), e não um para
cada Poder, como a proposta
atual prevê.
Como a questão do subteto é
polêmica na própria base aliada,
os governistas temiam não reunir
os 308 votos necessários para rejeitar o destaque.
A Mesa da Câmara preparava
uma estratégia para recusar o
pleito pedetista sob o argumento
de que ele não teria amparo regimental, mas o PDT mudou o texto de seu destaque e proporá então a simples supressão do subteto salarial nos Estados, ou seja, todo o funcionalismo ficará limitado ao teto federal (R$ 17.340).
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