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ORÇAMENTO
No ano passado, Lula prometeu dobrar valor do salário mínimo; neste ano, o reajuste real não superou 2%
Governo projeta mínimo de R$ 400 para 2006
SÍLVIA MUGNATTO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O ministro Guido Mantega
(Planejamento) disse ontem que a
meta do governo é elevar o salário
mínimo para R$ 400 até 2006, dobrando o valor nominal em relação ao final do governo anterior.
Durante a campanha eleitoral
do ano passado, o candidato Luiz
Inácio Lula da Silva prometeu dobrar o valor em termos reais, ou
seja, aumentar 100% acima da inflação. Neste ano, o reajuste real
do mínimo foi inferior a 2%, e para 2004 o Orçamento prevê 5%.
O PPA (Plano Plurianual) 2004-2007 prevê o aumento progressivo do mínimo para que o consumo de massa seja elevado, contribuindo para o crescimento econômico. Mantega afirmou ontem
que o reajuste do mínimo para
2004 ainda não está definido.
"Nos cálculos os técnicos encontraram pelo menos 5%. Mas
nós podemos ultrapassar isso, como aconteceu em 2003", disse. O
projeto original do Orçamento de
2003 previa um reajuste nominal
de 5,5%, mas o reajuste foi de
20%. Segundo Mantega, o aumento do mínimo só será conhecido no ano que vem.
Em relação aos servidores públicos, o ministro disse que o uso
do aumento de R$ 5,1 bilhões nas
despesas de pessoal entre 2003 e
2004 será negociado com os funcionários públicos.
"Não é só salário, temos reestruturações de carreira, planos de
saúde, vale-alimentação. Isso vai
ser negociado no momento adequado, na câmara de negociação", declarou o ministro.
O coordenador da Fenajufe (Federação Nacional dos Trabalhadores do Judiciário Federal e Ministério Público da União), Cláudio Azevedo, disse à Folha que o
ministério ofereceu 5% de aumento linear no ano que vem.
O índice, portanto, é inferior à
inflação prevista para 2003, que é
de 8,5%. Neste ano, o governo federal concedeu um reajuste linear
de 1% mais uma gratificação especial. Com a gratificação, alguns
funcionários tiveram aumento de
13,23%.
"O percentual é incoerente com
a anunciada disposição de recuperar o salário dos servidores",
comentou Azevedo. Segundo ele,
as negociações na câmara estão
suspensas por causa da posição
contrária dos funcionários à reforma previdenciária.
Encaminhamento
De acordo com o deputado federal Jorge Bittar (PT-RJ), relator
do Orçamento, o governo federal
também deverá destinar R$ 5 bilhões para a agricultura familiar
em 2004 e cerca de R$ 1 bilhão para os assentamentos rurais.
A assessoria do ministro do Planejamento informou que tanto o
projeto do Orçamento de 2004
quanto o projeto do PPA 2004-2007 serão encaminhados amanhã para o Congresso Nacional.
Os números finais serão fechados
em uma reunião hoje com o presidente da República.
Mantega disse que os investimentos previstos no PPA passaram de pouco mais de R$ 190 bilhões para cerca de R$ 240 bilhões. Esse número inclui recursos do setor privado e de empresas estatais.
O plano serve de base para a elaboração dos orçamentos anuais,
mas também estabelece o tipo de
desenvolvimento econômico que
o governo federal quer para o
país, pois traça as prioridades em
relação aos investimentos públicos e privados.
PPA
O PPA em vigor, para o período
2000-2003, estabelecia investimentos de R$ 212 bilhões, mas
ainda não há uma avaliação sobre
a possibilidade de esse total ser
cumprido. Nas avaliações anuais
sobre os recursos públicos, vários
programas mostram uma execução inferior à prevista por causa
dos cortes orçamentários.
Pelo programado no PPA em
vigor, o país estaria crescendo 5%
este ano, com uma inflação medida pelo IGP (Índice Geral de Preços) de 3%. Mas o governo espera
um crescimento em torno de 2% e
o IGP deve chegar a 7,82%, segundo pesquisa do Banco Central.
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