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CONFLITO AGRÁRIO
De 278 assassinatos entre 1995 e 2002, só seis foram a julgamento
CPT revela impunidade no campo
DA SUCURSAL DO RIO
Um relatório da CPT (Comissão Pastoral da Terra) revela a impunidade no campo no Brasil: para 278 assassinatos de sem-terra,
trabalhadores e líderes sindicais
rurais ocorridos em 214 conflitos
no campo, de 1995 a 2002, só seis
casos foram a julgamento, provocando cinco condenações.
Isso significa que apenas 2,8%
dos 214 conflitos foram concluídos na Justiça. Os demais ainda
tramitam, como inquérito ou como processo ainda não julgado.
Para os casos julgados, houve
165 absolvições -163 referentes
aos PMs acusados pelas 19 mortes
de Eldorado do Carajás (PA), em
96 (dois PMs foram condenados).
Segundo o relatório, as 43 mortes de 2002 já são superadas pelas
44 que ocorreram de janeiro a
agosto de 2003 -a média mensal,
de 5,5, é a maior desde 1990.
A impunidade foi apontada como um dos motivos para o aumento das mortes, junto com o
que as entidades chamaram de
"reação conservadora" à promessa de reforma agrária no governo
Lula. Diante disso, a divulgação
do relatório, feita no final do ano,
foi antecipada em caráter de urgência. Os números oficiais do
governo indicam 18 mortes até 31
de julho (foram 20 em 2002).
Para o presidente da CPT, d.Tomás Balduíno, os números indicam "parcialidade do Judiciário e
do aparelho policial". A diretora
de Direitos Humanos da AMB
(Associação dos Magistrados Brasileiros), Andrea Pachá, disse que
os dados assustam, mas que é preciso cobrar mais dos inquéritos
policiais. "Não pode parecer que
o Judiciário tem lidado a favor da
elite. A legislação do país foi feita
para beneficiar a elite."
(FERNANDA DA ESCÓSSIA)
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