DA REPORTAGEM LOCAL

"O Lula nunca foi de esquerda", afirmou o sociólogo Francisco de Oliveira, professor da USP e filiado ao PT, sobre a declaração do presidente Luiz Inácio Lula da Silva de que não gosta de ser rotulado como tal.
"Ele tem toda razão em não querer ser rotulado. Ele não é de esquerda. É uma figura carismática cujo partido, bem como o movimento sindical, foi empurrado para a esquerda pela crise final da ditadura." Oliveira disse que, do ponto de vista político, Lula "deve estar achando que ser rotulado de esquerda prejudica o governo dele, cria obstáculos internacionais e aos acordos que quer fazer internamente".
A socióloga Maria Victoria Benevides, ligada ao PT, disse que "ainda perdura para o grande público um sentido pejorativo" em relação ao termo "esquerda", ligado à idéia de negação da democracia. Para ela, o presidente faz a crítica do rótulo para reafirmar uma defesa "radical" da democracia. Ela disse ser razoável o paralelo que o presidente fez com a declaração de 1981: "Não interessa que eu seja socialista, comunista ou centrista. Sou um torneiro-mecânico".
Naquele momento, ela diz, Lula "respondia ao senso comum de que a política é suja", como hoje responderia ao "senso comum" de que a esquerda é antidemocrática.
Em outros momentos, como na campanha de 98, ele usou o "rótulo": "Somos uma candidatura de esquerda para resolver os problemas sociais do Brasil". (RC)


Texto Anterior: Viagem à Venezuela: Não gosto do rótulo "esquerda", diz Lula
Próximo Texto: "Chávez pode vencer pelo diálogo"
Índice