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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/ CONEXÃO MINEIRA
Cláudio Mourão, que cuidou das contas de campanha de Eduardo Azeredo, isenta senador de responsabilidade pelo esquema
Ex-tesoureiro admite caixa 2 tucano em 98
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELO HORIZONTE
Ex-tesoureiro da campanha do
hoje presidente nacional do PSDB
Eduardo Azeredo ao governo de
Minas Gerais em 1998, Cláudio
Mourão assumiu a responsabilidade do caixa dois naquele pleito
e isentou de envolvimento o senador Azeredo, que tentava se reeleger, e o candidato a vice, o empresário Clésio Andrade -na época
filiado ao PFL e atual vice-governador de Minas pelo PL.
Mas a versão de Mourão, dada à
revista "Veja", que divulgou trechos na internet, tem contradições, que poderão ser esclarecidas
pela CPI dos Correios, que já o
convocou. Mourão foi secretário
de Administração e Recursos Humanos da gestão Azeredo (95-98).
"Azeredo e Clésio não tiveram
nenhuma responsabilidade na
operação do esquema de caixa
dois da campanha de 1998. Eu tinha total autonomia e fiz tudo da
minha cabeça. Logo depois da
campanha, prestei contas de tudo
ao Azeredo. Informei-lhe, inclusive, que a maior parte dos R$ 20
milhões gastos foram oriundos de
caixa dois", disse Mourão.
O caixa dois tucano teve a participação do publicitário Marcos
Valério, suposto operador do
"mensalão" do PT. Segundo
Mourão, Valério entrou no circuito porque o seu nome estava numa lista de Clésio com nomes de
empresários que poderiam pôr
dinheiro na campanha. Mourão
disse que Valério emprestou R$ 2
milhões, pagos logo depois, e no
turno seguinte "doou" R$ 9 milhões. "Depois que perdemos a
eleição, ele passou a dizer que foi
empréstimo, mas na verdade o
combinado foi uma doação."
Ontem, Valério divulgou nota
contestando a declaração. Ele disse, por exemplo, que foi Clésio
quem apresentou Mourão a ele e
que "o pedido de empréstimo",
no valor de R$ 9 milhões, "foi
idéia do sr. Clésio Andrade" -o
valor original do empréstimo, no
contrato, é de R$ 8,35 milhões.
Valério disse que "nunca fez
doação" àquela campanha e que o
pagamento ao publicitário Duda
Mendonça, marqueteiro da campanha de Azeredo, foi feito por
meio da conta bancária da SMPB
-Mourão disse que foi ele quem
pagou os R$ 4,5 milhões à sócia de
Duda, Zilmar Fernandes.
As outras contradições são de
atitudes do próprio Mourão. Em
novembro de 2004, ele moveu
ação no STF (Supremo Tribunal
Federal) contra Azeredo e Clésio
para pedir indenização de R$ 3,5
milhões, sob a justificativa de que
contraíra dívidas para cobrir gastos da campanha de 98. Mas, neste mês, ele desistiu da ação por danos morais e materiais.
A desistência ocorreu um dia
após Azeredo ter ido espontaneamente à CPI dos Correios para
admitir que houve caixa dois na
sua campanha, que Mourão foi o
único responsável e que ele não
sabia do empréstimo que foi feito.
Mourão disse ainda que depois
de 1998 não teve mais relação comercial com Valério. Mas em
2001 Valério fez empréstimo de
R$ 250 mil para o ex-tesoureiro.
Quem pagou o débito (R$ 270
mil) foi o empreiteiro Bruno Bedinelli Filho, da Diedro Construções e Serviços, conforme o histórico da ação de execução movida
pelo Banco Rural na Justiça.
Mourão não foi localizado ontem para explicar as contradições.
(PAULO PEIXOTO E THIAGO GUIMARÃES)
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