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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/ HOLOFOTES
Presidente do Congresso alerta que disputa pode levar à impunidade e marca reunião com representantes das comissões para definir ações
Renan critica "guerra de vaidades" de CPIs
FERNANDA KRAKOVICS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
SILVIO NAVARRO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BRASÍLIA
O presidente do Congresso Nacional, Renan Calheiros (PMDB-AL), afirmou ontem que há uma
"guerra de vaidades" entre as três
CPIs em funcionamento, o que
poderia resultar, segundo ele, em
impunidade devido à desordem
nos trabalhos. A oposição também está preocupada com a perda
de foco das comissões parlamentares de inquérito.
As CPIs dos Correios, dos Bingos e do Mensalão aprovaram anteontem a convocação do doleiro
Antonio Claramunt, o Toninho
da Barcelona. A disputa maior é
entre a dos Correios e a do Mensalão, que vão ouvir, por exemplo, o
ex-ministro Luiz Gushiken (Comunicação de Governo), o banqueiro Daniel Dantas e quebraram o sigilo das aplicações financeiras de dez fundos de pensão no
Banco Rural e no BMG.
Para tentar disciplinar as investigações, Renan marcou uma reunião para a próxima terça com os
presidentes e relatores das comissões. Preocupado com a imagem
do Congresso, ele vai pedir aos
parlamentares que se fixem nos limites de cada CPI, evitem a superposição de requerimentos, troquem informações resultantes de
quebras de sigilo bancário, fiscal e
telefônico e, quando inevitável,
façam reuniões conjuntas para tomar depoimentos.
"Não dá para ficar nessa guerra
de vaidades. As pessoas já estão
cobrando resultados, e com razão. A repetição [de depoimentos
e quebras de sigilo] acontece geralmente para causar impunidade. Ninguém vai perdoar quem
quer desviar o foco para não haver punição", afirmou Renan.
Em seus discursos, os parlamentares da oposição têm deixado clara a preocupação com a falta de visibilidade de alguns depoimentos marcados e, na CPI dos
Correios, pressionam a Mesa Diretora afirmando que a CPI do
Mensalão "passou na frente",
aprovando primeiro requerimentos comuns às duas comissões. As
sessões têm sido transmitidas pelas TVs e têm registrado altos índices de audiência, tornando-se
um palco para os parlamentares.
Foco
As lideranças do PFL e do PSDB
convocaram senadores e deputados para uma conversa na segunda. "Estamos vivendo um festival
de denúncias e uma superprodução de escândalos. Isso leva à perda de foco", disse o líder do PFL,
senador José Agripino (RN).
O objetivo da oposição é acertar
os procedimentos a serem adotados nas CPIs, definir um cronograma de depoimentos a ser defendido e estabelecer prioridades.
O presidente da CPI dos Correios, senador Delcídio Amaral
(PT-MS), também afirmou, anteontem, que está sendo criado
"um clima de desordem" no Congresso para que as investigações
sobre o suposto esquema de corrupção não tenham resultado. Para ele, há "uma disputa de holofote" entre as CPIs.
Já o presidente da CPI do Mensalão, senador Amir Lando
(PMDB-RO), insiste na investigação de fatos que, segundo a CPI
dos Correios, não seriam competência sua. "Se houve alguém que
recebeu, houve alguém que colocou. Antes de ouvir parlamentares, tem de se saber o que de fato
aconteceu", disse o senador.
Na semana passada, Delcídio e
o relator da CPI dos Correios, deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR), foram ao gabinete de Lando
para tentar definir os assuntos de
cada comissão. A dos Correios investigaria supostas irregularidades nos contratos da estatal e a
origem do dinheiro que abasteceu
o caixa dois do PT. Já a CPI do
Mensalão se dedicaria à identificação dos parlamentares que teriam recebido dinheiro para
apoiar o governo.
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