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ORÇAMENTO 2000
Governo gastará quase o mesmo em propaganda (R$ 97,5 mi) e em cestas básicas (R$ 100,6 mi)
Gastos com publicidade crescem 26%
MARTA SALOMON
da Sucursal de Brasília
Os gastos com publicidade do
governo federal escaparam dos
cortes impostos pelo ajuste nas
contas públicas e crescerão 26%
no ano 2000, segundo a proposta
de Orçamento encaminhada ao
Congresso Nacional. Os ministérios gastarão no ano que vem R$
97,5 milhões, contra R$ 77 milhões neste ano.
O valor é quase igual ao destinado ao programa de distribuição
de cestas básicas a 3,3 milhões de
famílias pobres no próximo ano,
que receberá R$ 100,6 milhões.
O cálculo, feito com base em
números fornecidos pela Secom
(Secretaria de Estado de Comunicação de Governo), não inclui os
gastos das empresas estatais, muito mais elevados e sobre os quais a
secretaria afirma não ter controle.
Neste ano, o gasto previsto com
publicidade das estatais é mais de
cinco vezes maior (R$ 413,2 milhões) do que o dos ministérios.
Os gastos com publicidade na
Esplanada terão um aumento
bem maior do que a média das
demais despesas do governo
(7,5%). Maior também que estimativa de crescimento da arrecadação de impostos e taxas federais, de 8,6%. Eles ainda poderão
ser reduzidos pelo Congresso durante a votação do Orçamento.
Segundo o secretário Andrea
Matarazzo, a decisão de investir
mais em publicidade não faz parte de um esforço para recuperar a
imagem do governo FHC, que registra altos índices de rejeição.
Por meio de sua assessoria, Matarazzo apontou três ""prováveis"
razões para o aumento do gasto
com publicidade: a possibilidade
de os ministérios terem muitas
coisas para anunciar e ""obras para inaugurar", o aumento de preços cobrados para a veiculação de
anúncios e ainda a recuperação
dos investimentos em publicidade, que caíram no ano passado,
depois de dois anos em alta.
Juntos, ministérios e empresas
estatais deverão manter o governo na posição de líder do mercado publicitário brasileiro.
O valor da conta do governo federal supera de longe o gasto registrado no ano passado pelo
maior anunciante brasileiro, a
Volkswagen (US$ 125,6 milhões).
O mercado movimentou, em 98,
US$ 8,3 bilhões, segundo levantamento divulgado em maio pela
consultoria Price Waterhouse.
As contas dos ministérios e estatais são divididas atualmente por
35 agências, lideradas por três delas: a baiana Propeg, DM9 (que
participou das duas campanhas
presidenciais de FHC) e a Master,
com sede no Paraná.
O mercado está agitado por
duas licitações em curso para as
contas dos ministérios da Educação e dos Transportes.
Licitação recente das contas nacional e internacional da Embratur também agitou o meio. A concorrência foi ganha pelas agências
Pejota (que registra ligações familiares com integrantes do PFL
baiano) e Artplan Prime, cuja diretora Fernanda Bornhausen é filha do presidente do PFL.
Os contratos antigos duravam
três anos. Os novos poderão chegar a cinco anos.
O ranking da publicidade oficial
de 2000 é liderado pelo Ministério
da Saúde. O dinheiro previsto no
Orçamento (R$ 20 milhões, contra R$ 16 milhões em 1999) ainda é
pouco, segundo o ministério, que
faz campanhas de vacinação e de
combate à Aids, por exemplo.
A conta, disputada recentemente, é dividida por três agências:
DM9, Master e Giovanni.
O segundo do ranking é o Ministério das Comunicações, com
R$ 15 milhões, e o Ministério do
Planejamento terá mais de R$ 7
milhões no ano que vem para cuidar, especialmente, da divulgação
do plano de investimentos do governo, o ""Avança Brasil".
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