São Paulo, Segunda-feira, 27 de Setembro de 1999
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ORÇAMENTO 2000
Governo gastará quase o mesmo em propaganda (R$ 97,5 mi) e em cestas básicas (R$ 100,6 mi)
Gastos com publicidade crescem 26%

MARTA SALOMON
da Sucursal de Brasília

Os gastos com publicidade do governo federal escaparam dos cortes impostos pelo ajuste nas contas públicas e crescerão 26% no ano 2000, segundo a proposta de Orçamento encaminhada ao Congresso Nacional. Os ministérios gastarão no ano que vem R$ 97,5 milhões, contra R$ 77 milhões neste ano.
O valor é quase igual ao destinado ao programa de distribuição de cestas básicas a 3,3 milhões de famílias pobres no próximo ano, que receberá R$ 100,6 milhões.
O cálculo, feito com base em números fornecidos pela Secom (Secretaria de Estado de Comunicação de Governo), não inclui os gastos das empresas estatais, muito mais elevados e sobre os quais a secretaria afirma não ter controle. Neste ano, o gasto previsto com publicidade das estatais é mais de cinco vezes maior (R$ 413,2 milhões) do que o dos ministérios.
Os gastos com publicidade na Esplanada terão um aumento bem maior do que a média das demais despesas do governo (7,5%). Maior também que estimativa de crescimento da arrecadação de impostos e taxas federais, de 8,6%. Eles ainda poderão ser reduzidos pelo Congresso durante a votação do Orçamento.
Segundo o secretário Andrea Matarazzo, a decisão de investir mais em publicidade não faz parte de um esforço para recuperar a imagem do governo FHC, que registra altos índices de rejeição.
Por meio de sua assessoria, Matarazzo apontou três ""prováveis" razões para o aumento do gasto com publicidade: a possibilidade de os ministérios terem muitas coisas para anunciar e ""obras para inaugurar", o aumento de preços cobrados para a veiculação de anúncios e ainda a recuperação dos investimentos em publicidade, que caíram no ano passado, depois de dois anos em alta.
Juntos, ministérios e empresas estatais deverão manter o governo na posição de líder do mercado publicitário brasileiro.
O valor da conta do governo federal supera de longe o gasto registrado no ano passado pelo maior anunciante brasileiro, a Volkswagen (US$ 125,6 milhões). O mercado movimentou, em 98, US$ 8,3 bilhões, segundo levantamento divulgado em maio pela consultoria Price Waterhouse.
As contas dos ministérios e estatais são divididas atualmente por 35 agências, lideradas por três delas: a baiana Propeg, DM9 (que participou das duas campanhas presidenciais de FHC) e a Master, com sede no Paraná.
O mercado está agitado por duas licitações em curso para as contas dos ministérios da Educação e dos Transportes.
Licitação recente das contas nacional e internacional da Embratur também agitou o meio. A concorrência foi ganha pelas agências Pejota (que registra ligações familiares com integrantes do PFL baiano) e Artplan Prime, cuja diretora Fernanda Bornhausen é filha do presidente do PFL.
Os contratos antigos duravam três anos. Os novos poderão chegar a cinco anos.
O ranking da publicidade oficial de 2000 é liderado pelo Ministério da Saúde. O dinheiro previsto no Orçamento (R$ 20 milhões, contra R$ 16 milhões em 1999) ainda é pouco, segundo o ministério, que faz campanhas de vacinação e de combate à Aids, por exemplo.
A conta, disputada recentemente, é dividida por três agências: DM9, Master e Giovanni.
O segundo do ranking é o Ministério das Comunicações, com R$ 15 milhões, e o Ministério do Planejamento terá mais de R$ 7 milhões no ano que vem para cuidar, especialmente, da divulgação do plano de investimentos do governo, o ""Avança Brasil".


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