São Paulo, quarta-feira, 27 de setembro de 2000

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Bicudo passa no exterior 28 dias da campanha

DA REPORTAGEM LOCAL

O advogado Hélio Pereira Bicudo (PT), candidato a vice-prefeito de São Paulo na chapa de Marta Suplicy (PT), passou 28 dias da campanha eleitoral fora do Brasil, desde que foi escolhido o candidato petista em convenção.
Ele é presidente da Comissão Interamericana de Direitos Humanos da OEA (Organização dos Estados Americanos) e deixou a campanha eleitoral para desempenhar suas funções na entidade.
Bicudo foi escolhido candidato a vice em 19 de junho. Embarcou para Washington (EUA) em 8 de agosto e só voltou para São Paulo em 31 de agosto. Ficou na cidade até o último dia 24 de setembro e viajou novamente. Só volta para votar, em 1º de outubro.
Aos 78 anos, Bicudo afirma ter prejuízo com seu trabalho na OEA. Ele diz que a função não é remunerada e que ele apenas recebe diárias de US$ 350 da entidade quando está em viagem. "É uma ninharia", afirma.
Além disso, segundo Bicudo, a OEA só pagaria passagens aéreas na classe turística. "Não estou mais na idade para ficar apertado em um banquinho, então eu pago a diferença para ir na classe executiva", diz o candidato.
Bicudo recebe aposentadoria do Ministério Público Estadual e trabalha com advogado. Ele afirma ser sócio de um escritório de advocacia na rua Haddock Lobo (zona sudoeste de São Paulo).
Apesar de ter sido deputado por oito anos -de 1991 a 1998-, ele não pediu aposentadoria de parlamentar, à qual tinha direito pela lei. Em 1997, Bicudo presidiu a Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados.
Ele também foi secretário de Negócios Jurídicos da Prefeitura de São Paulo nos dois primeiros anos da gestão petista de Luiza Erundina (1989-92). Saiu para ser candidato a deputado.
Bicudo se destacou no Ministério Público pela investigação sobre o "esquadrão da morte", cujo comando era atribuído ao então delegado Sérgio Paranhos Fleury.
Em agosto de 1970, ele conseguiu, pela primeira vez, reunir provas suficientes para obter a prisão de um policial envolvido com o esquadrão. Também reuniu evidências de que o esquadrão da morte tinha ligações com traficantes de drogas.
Logo começou a sofrer ameaças de morte. Moveu processos contra os policiais suspeitos de integrarem o esquadrão, mas foi afastado da investigação em 71 por pressão dos militares.
Bicudo também teve forte atuação na luta pelos direitos humanos. Participou da Comissão de Justiça e Paz, da Arquidiocese de São Paulo, desde sua fundação, em 1970. "Essa é a parte relevante, que tem de ser acentuada", diz o candidato a vice petista, ao comentar sua biografia.


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