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Para partido de Lula, quase a metade dos postos criados não seria com carteira assinada
PT admite ser "irreal" criar 10 milhões de empregos formais
FÁBIO ZANINI
DA REPORTAGEM LOCAL
Pouco mais da metade dos 10
milhões de empregos que o PT
quer criar em um governo de Luiz
Inácio Lula da Silva seriam com
carteira assinada. O restante dos
postos eventualmente gerados,
reconhece o PT, nasceria na informalidade.
De acordo com o economista
Antônio Prado, coordenador do
programa para geração de emprego e renda de Lula, "não é realista"
criar 10 milhões de empregos com
carteira assinada no prazo de quatro anos. "Não é a nossa expectativa e nós nunca prometemos tal
coisa", declara.
Pesquisador do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos),
Prado estima que um crescimento econômico anual de 5% do PIB
(Produto Interno Bruto), como
promete o programa de Lula, resultaria na criação de cerca de 1,3
milhão de empregos formais a cada 12 meses. Em quatro anos, seriam, assim, 5,2 milhões de empregos formais gerados no país,
ou 52% da expectativa.
"Investindo em áreas que favorecem empregos formais, como
promoção de exportações, substituição de importações e incremento em áreas sociais, é possível
ampliar o coeficiente um pouco",
diz ele. Prado não calcula qual seria a elevação, mas adianta que
não seria "dramática".
Segundo ele, para que o crescimento econômico possibilitasse a
geração de mais empregos formais, seria preciso mudar radicalmente a estrutura econômica, "o
que não se faz em um período de
quatro anos".
No documento "Mais e melhores empregos", lançado por Lula
em 23 de julho, o candidato menciona a necessidade de criação de
10 milhões de empregos, mas não
faz a ressalva de que nem todos
seriam com carteira assinada.
Na semana passada, em entrevista ao jornal "O Globo", o petista foi instado a definir quantos
dos empregos que geraria seriam
formais. "Seria pedir muito", respondeu. Em discursos, Lula tem
defendido o aumento da economia formal, como forma de evitar
um rombo na Previdência.
De acordo com Prado, o partido
contempla a geração de 10 milhões de "postos de trabalho"
-com e sem carteira. "Emprego,
na definição técnica, é com carteira assinada. Mas na linguagem de
campanha, acaba virando sinônimo de posto de trabalho", disse.
A geração de milhões de postos
de trabalho deflagrou uma guerra
entre as campanhas de Lula e de
José Serra (PSDB) na TV. Serra,
que promete 8 milhões de empregos -e também já reconheceu
que não seriam todos formais-,
acusa o petista de ter desistido de
sua meta de 10 milhões.
Recentemente, Lula passou a dizer que a cifra representa uma
"necessidade" para o país e tem
evitado se comprometer com um
número específico. "Não sabemos em que condições receberíamos o país. A cifra de 10 milhões é
uma referência", diz Prado.
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