São Paulo, sexta-feira, 27 de setembro de 2002

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NO AR

Em transição

NELSON DE SÁ
EDITOR DA ILUSTRADA

É cedo ainda, mas não tão cedo. Como avisava ontem Franklin Martins, resta apenas uma semana de campanha na televisão.
Na próxima quinta já tem o debate na Globo, aquele que vai copiar a estrutura de "town hall meeting" dos americanos, e aí acabou.
Resta apenas uma semana -e Lula está próximo de levar no primeiro turno. Para alguns, parece que o petista já levou. Até para o FMI.
O diretor-gerente do Fundo, nos telejornais, a começar das manchetes do Jornal Nacional, previu ontem uma "transição tranquila".
Fez mais. Com seu sotaque carregado, já se dirigiu a "Lula" como presidente. Deu conselhos, até elogiou a meta de estimular o desenvolvimento, "a melhor fórmula para manter a dívida sustentável".
FMI ou Baixada Fluminense, todos querem falar em dinheiro com Lula. O prefeito tucano de Duque de Caxias, que começou apoiando José Serra e depois passou para Ciro Gomes, hoje encontra o petista e já avisou que vai pedir.
Ele e a governadora Benedita da Silva, que quer de seu colega petista que "abra a torneirinha para o Rio".
É só o começo. A demanda é proporcional ao sonho.
 
A Globo não desistiu.
José Serra passou batido, mas Lula ouviu diversas perguntas atravessadas na entrevista final do Jornal Nacional.
Ouviu William Bonner, por exemplo, questionar sobre sua "relação" com a guerrilha da Colômbia.
Lula disse de pronto que era "nenhuma" e, para um Bonner insistente, afirmou que não quer uma intervenção na Colômbia porque o Brasil tem interesses na Amazônia.
Foi uma resposta forte, mas arriscada, com a segurança de quem se vê quase lá -e começa a não ser "Lulinha paz e amor". É cedo ainda.
 
No que depender do fôlego de Garotinho, Lula não leva tão já. Ele criticou sem parar o petista. Disse fazer "oposição genuína", enquanto Lula:
- Está consultando Lázaro Brandão, Olavo Setúbal, para ver quem pôr no Banco Central. Não é mais aquele.
Fez piada, chamou o petista de "denorex", mas também foi mais violento, dizendo que viu "gente na Bahia jogando pipoca no Lula num terreiro".
A uma semana do fim da campanha, vale qualquer coisa. Até guerra santa.
 
Quanto a Serra, ele conseguiu desgostar até seu grande eleitor, FHC, que passou o dia de ontem em elogios sem fim ao Mercosul -que havia sido descartado por seu candidato.



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