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NO AR
Em transição
NELSON DE SÁ
EDITOR DA ILUSTRADA
É cedo ainda, mas não tão
cedo. Como avisava ontem
Franklin Martins, resta apenas
uma semana de campanha na
televisão.
Na próxima quinta já tem o
debate na Globo, aquele que vai
copiar a estrutura de "town hall
meeting" dos americanos, e aí
acabou.
Resta apenas uma semana
-e Lula está próximo de levar
no primeiro turno. Para alguns,
parece que o petista já levou. Até
para o FMI.
O diretor-gerente do Fundo,
nos telejornais, a começar das
manchetes do Jornal Nacional,
previu ontem uma "transição
tranquila".
Fez mais. Com seu sotaque
carregado, já se dirigiu a "Lula"
como presidente. Deu conselhos,
até elogiou a meta de estimular
o desenvolvimento, "a melhor
fórmula para manter a dívida
sustentável".
FMI ou Baixada Fluminense,
todos querem falar em dinheiro
com Lula. O prefeito tucano de
Duque de Caxias, que começou
apoiando José Serra e depois
passou para Ciro Gomes, hoje
encontra o petista e já avisou
que vai pedir.
Ele e a governadora Benedita
da Silva, que quer de seu colega
petista que "abra a torneirinha
para o Rio".
É só o começo. A demanda é
proporcional ao sonho.
A Globo não desistiu.
José Serra passou batido, mas
Lula ouviu diversas perguntas
atravessadas na entrevista final
do Jornal Nacional.
Ouviu William Bonner, por
exemplo, questionar sobre sua
"relação" com a guerrilha da
Colômbia.
Lula disse de pronto que era
"nenhuma" e, para um Bonner
insistente, afirmou que não quer
uma intervenção na Colômbia
porque o Brasil tem interesses
na Amazônia.
Foi uma resposta forte, mas
arriscada, com a segurança de
quem se vê quase lá -e começa
a não ser "Lulinha paz e amor".
É cedo ainda.
No que depender do fôlego de
Garotinho, Lula não leva tão já.
Ele criticou sem parar o petista.
Disse fazer "oposição genuína",
enquanto Lula:
- Está consultando Lázaro
Brandão, Olavo Setúbal, para
ver quem pôr no Banco Central.
Não é mais aquele.
Fez piada, chamou o petista
de "denorex", mas também foi
mais violento, dizendo que viu
"gente na Bahia jogando pipoca
no Lula num terreiro".
A uma semana do fim da
campanha, vale qualquer coisa.
Até guerra santa.
Quanto a Serra, ele conseguiu
desgostar até seu grande eleitor,
FHC, que passou o dia de ontem
em elogios sem fim ao Mercosul
-que havia sido descartado por
seu candidato.
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