São Paulo, sexta-feira, 27 de setembro de 2002

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Ciro e Garotinho atacam receita do Fundo e descartam arrocho maior

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
DA REPORTAGEM LOCAL

Os presidenciáveis Ciro Gomes (PPS) e Anthony Garotinho (PSB) criticaram ontem a receita do FMI de um ajuste maior nas contas públicas do país. Ciro declarou que a combinação de arrocho e carga tributária alta foi o "que matou a Argentina". Garotinho disse que "não é possível nenhum sacrifício adicional ao povo brasileiro".
Em Brasília, Ciro declarou que o país já está com o maior arrocho fiscal da história e que não há como apertar mais: "A carga tributária nominal, que atinge o setor mais formal da economia, já chega a loucos 46% do PIB, embora a carga efetiva esteja se aproximando dos 35%", afirmou.
O pepessista disse que a principal despesa, o salário do funcionalismo, já está há oito anos sem reajuste e citou a crise no setor elétrico: "Estou falando que o desinvestimento já chegou a um limite insuportável. Não há mais como fazer arrocho fiscal".
Questionado sobre qual seria a saída, afirmou: "A saída é não aceitar esse receituário tecnicamente ruinoso. Está provado em muitos experimentos, na Rússia, na Coréia e no mais próximo de nós e mais recente, a Argentina".
Ele deu sua receita: "O Brasil tem que sair dessa lógica de dependência do capital externo, que é o que nos deixa vulneráveis a esse tipo de receituário. O caminho para o Brasil passa por um conjunto articulado de reformas que nos dêem uma estratégia de elevar o nível interno de poupança e eliminar a dependência externa".
Ciro concedeu entrevista na CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), onde entregou cópia do seu programa de governo ao presidente da entidade, dom Jayme Chemello. Negou que a campanha esteja em crise e descartou a renúncia: "É tudo boato. Minha candidatura pertence ao povo". À tarde, ele foi a Goiânia.
Garotinho fazia campanha em São Paulo. Ele também descartou um novo arrocho nas contas públicas: "O Brasil precisa crescer". Ele não quis, porém, se estender sobre o assunto: "Não vou tratar com o FMI agora. Só depois de ganhar a eleição". Declarou ainda que não está "preocupado com o mercado, mas com o povo".
O candidato participou de uma sabatina no auditório do jornal "O Estado de S. Paulo". Nela declarou que pretende renegociar com o FMI as metas de inflação na primeira revisão trimestral.
Questionado se manteria Armínio Fraga na presidência do Banco Central, disse: "Absolutamente não. Fraga é um representante do setor financeiro. Queremos um nome do setor produtivo".
Disse ainda que, em eventual segundo turno entre ele e Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o eleitor teria a "alternativa de votar na oposição genuína ou na oposição Lula Denorex, a que parece, mas não é [bordão de um xampu anticaspa]". (LUCIO VAZ, LIEGE ALBUQUERQUE, FÁBIO VICTOR)



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