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Ciro e Garotinho atacam receita do Fundo e descartam arrocho maior
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
DA REPORTAGEM LOCAL
Os presidenciáveis Ciro Gomes
(PPS) e Anthony Garotinho (PSB)
criticaram ontem a receita do FMI
de um ajuste maior nas contas públicas do país. Ciro declarou que a
combinação de arrocho e carga
tributária alta foi o "que matou a
Argentina". Garotinho disse que
"não é possível nenhum sacrifício
adicional ao povo brasileiro".
Em Brasília, Ciro declarou que o
país já está com o maior arrocho
fiscal da história e que não há como apertar mais: "A carga tributária nominal, que atinge o setor
mais formal da economia, já chega a loucos 46% do PIB, embora a
carga efetiva esteja se aproximando dos 35%", afirmou.
O pepessista disse que a principal despesa, o salário do funcionalismo, já está há oito anos sem
reajuste e citou a crise no setor
elétrico: "Estou falando que o desinvestimento já chegou a um limite insuportável. Não há mais
como fazer arrocho fiscal".
Questionado sobre qual seria a
saída, afirmou: "A saída é não
aceitar esse receituário tecnicamente ruinoso. Está provado em
muitos experimentos, na Rússia,
na Coréia e no mais próximo de
nós e mais recente, a Argentina".
Ele deu sua receita: "O Brasil
tem que sair dessa lógica de dependência do capital externo, que
é o que nos deixa vulneráveis a esse tipo de receituário. O caminho
para o Brasil passa por um conjunto articulado de reformas que
nos dêem uma estratégia de elevar o nível interno de poupança e
eliminar a dependência externa".
Ciro concedeu entrevista na
CNBB (Conferência Nacional dos
Bispos do Brasil), onde entregou
cópia do seu programa de governo ao presidente da entidade,
dom Jayme Chemello. Negou que
a campanha esteja em crise e descartou a renúncia: "É tudo boato.
Minha candidatura pertence ao
povo". À tarde, ele foi a Goiânia.
Garotinho fazia campanha em
São Paulo. Ele também descartou
um novo arrocho nas contas públicas: "O Brasil precisa crescer".
Ele não quis, porém, se estender
sobre o assunto: "Não vou tratar
com o FMI agora. Só depois de ganhar a eleição". Declarou ainda
que não está "preocupado com o
mercado, mas com o povo".
O candidato participou de uma
sabatina no auditório do jornal
"O Estado de S. Paulo". Nela declarou que pretende renegociar
com o FMI as metas de inflação na
primeira revisão trimestral.
Questionado se manteria Armínio Fraga na presidência do Banco Central, disse: "Absolutamente
não. Fraga é um representante do
setor financeiro. Queremos um
nome do setor produtivo".
Disse ainda que, em eventual segundo turno entre ele e Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o eleitor teria a "alternativa de votar na oposição genuína ou na oposição Lula
Denorex, a que parece, mas não é
[bordão de um xampu anticaspa]".
(LUCIO VAZ, LIEGE ALBUQUERQUE, FÁBIO VICTOR)
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