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MONITORAMENTO
Para instituto, Folha dá mais notícias "negativas" sobre Serra e Ciro; Lula obtém tratamento mais "positivo"
Datafolha avalia atuação do jornal na eleição
DA REPORTAGEM LOCAL
Desde 18 de agosto, data de lançamento do caderno Eleições
2002 e antevéspera do início do
horário gratuito, o Datafolha vem
monitorando a cobertura da Folha para medir e identificar o teor
do acompanhamento dado aos
principais candidatos.
O jornal utiliza o trabalho como
um dos instrumentos para aferir a
aplicação dos princípios de apartidarismo e pluralismo estabelecidos em seu projeto editorial.
Diário, o levantamento será realizado até o fim da campanha
(texto nesta página explica a metodologia usada pelo instituto).
Os resultados consolidados até
22 de setembro permitem concluir que, na época de embate
mais acirrado entre José Serra
(PSDB) e Ciro Gomes (PPS) na
propaganda eleitoral, esses dois
presidenciáveis obtiveram na Folha uma cobertura jornalística de
perfil semelhante, em que aspectos "negativos" predominaram
sobre "positivos" e "neutros".
Personagens de um tiroteio que
começou na primeira noite da
propaganda televisiva, os dois
candidatos registraram percentuais similares nas três categorias
de classificação do noticiário.
Serra obteve 40% de informações "negativas", e Ciro, 41%. As
positivas foram, respectivamente,
33% e 32%. As "neutras", 27%
nos dois casos.
No mesmo intervalo de tempo,
o inverso ocorreu com Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Em confortável liderança nas intenções de
voto, o que o desobrigou de envolver-se em confrontos, ele teve
sua campanha retratada, nas páginas do jornal, de maneira mais
"positiva" (38%) do que "negativa" (34%) ou "neutra" (28%).
Foi o único presidenciável que
recebeu tratamento no qual a primeira categoria prevaleceu.
Dos quatro principais postulantes ao Planalto, apenas Anthony
Garotinho (PSB) recebeu tratamento mais "neutro" (46%) do
que "positivo" (31%) ou "negativo" (24%).
Contexto
Para Mauro Francisco Paulino,
diretor-geral do Datafolha, as circunstâncias da atual campanha
eleitoral explicam a diferença entre o perfil das coberturas de Serra
e Ciro e o da de Lula.
"A disputa entre Serra e Ciro e a
liderança folgada de Lula são fatores que têm reflexo nos resultados", afirma Paulino, lembrando
que o monitoramento começou a
ser realizado no exato momento
em que o embate entre o tucano e
o candidato do PPS se tornou
mais agressivo.
Segundo relatório do instituto,
"os teores das notícias publicadas
pela Folha nesse período foram
ditados principalmente pelos resultados de pesquisas e pela campanha de rádio e TV".
Também a biografia de Lula
ajuda a explicar um certo "viés de
condescendência" detectado pelo
instituto. Diferentemente de Serra
e Ciro, o petista não tem um passado administrativo pelo qual
possa ser diretamente cobrado
-não obstante as administrações
petistas em municípios e Estados.
Critérios
Ainda que pautada por critérios
rigorosos, permanentemente examinados pelo Datafolha em conjunto com a Redação, a tarefa de
classificar as informações em
"positivas", "negativas" e "neutras" sempre esbarra em uma dose de subjetividade, reconhece o
diretor-geral do instituto.
"Apesar dessa limitação, o método sistematiza a análise da cobertura", diz Paulino. "O importante é que sejam sempre cotejados dados colhidos a partir de critérios semelhantes. Isso ameniza
possíveis distorções provocadas
por julgamentos subjetivos."
Ele ressalta a importância de
fornecer aos jornalistas subsídios
para avaliar a cobertura do jornal
ao longo da campanha, e não apenas depois da eleição, permitindo
a correção de eventuais distorções
no tratamento dispensado aos
candidatos.
O Datafolha, que realiza medições desse gênero desde o pleito
de 1989, neste ano está acompanhando, além do noticiário sobre
os presidenciáveis, o material relativo à sucessão paulista.
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