São Paulo, sexta-feira, 27 de setembro de 2002

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MONITORAMENTO

Para instituto, Folha dá mais notícias "negativas" sobre Serra e Ciro; Lula obtém tratamento mais "positivo"

Datafolha avalia atuação do jornal na eleição

DA REPORTAGEM LOCAL

Desde 18 de agosto, data de lançamento do caderno Eleições 2002 e antevéspera do início do horário gratuito, o Datafolha vem monitorando a cobertura da Folha para medir e identificar o teor do acompanhamento dado aos principais candidatos.
O jornal utiliza o trabalho como um dos instrumentos para aferir a aplicação dos princípios de apartidarismo e pluralismo estabelecidos em seu projeto editorial.
Diário, o levantamento será realizado até o fim da campanha (texto nesta página explica a metodologia usada pelo instituto).
Os resultados consolidados até 22 de setembro permitem concluir que, na época de embate mais acirrado entre José Serra (PSDB) e Ciro Gomes (PPS) na propaganda eleitoral, esses dois presidenciáveis obtiveram na Folha uma cobertura jornalística de perfil semelhante, em que aspectos "negativos" predominaram sobre "positivos" e "neutros".
Personagens de um tiroteio que começou na primeira noite da propaganda televisiva, os dois candidatos registraram percentuais similares nas três categorias de classificação do noticiário.
Serra obteve 40% de informações "negativas", e Ciro, 41%. As positivas foram, respectivamente, 33% e 32%. As "neutras", 27% nos dois casos.
No mesmo intervalo de tempo, o inverso ocorreu com Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Em confortável liderança nas intenções de voto, o que o desobrigou de envolver-se em confrontos, ele teve sua campanha retratada, nas páginas do jornal, de maneira mais "positiva" (38%) do que "negativa" (34%) ou "neutra" (28%).
Foi o único presidenciável que recebeu tratamento no qual a primeira categoria prevaleceu.
Dos quatro principais postulantes ao Planalto, apenas Anthony Garotinho (PSB) recebeu tratamento mais "neutro" (46%) do que "positivo" (31%) ou "negativo" (24%).

Contexto
Para Mauro Francisco Paulino, diretor-geral do Datafolha, as circunstâncias da atual campanha eleitoral explicam a diferença entre o perfil das coberturas de Serra e Ciro e o da de Lula.
"A disputa entre Serra e Ciro e a liderança folgada de Lula são fatores que têm reflexo nos resultados", afirma Paulino, lembrando que o monitoramento começou a ser realizado no exato momento em que o embate entre o tucano e o candidato do PPS se tornou mais agressivo.
Segundo relatório do instituto, "os teores das notícias publicadas pela Folha nesse período foram ditados principalmente pelos resultados de pesquisas e pela campanha de rádio e TV".
Também a biografia de Lula ajuda a explicar um certo "viés de condescendência" detectado pelo instituto. Diferentemente de Serra e Ciro, o petista não tem um passado administrativo pelo qual possa ser diretamente cobrado -não obstante as administrações petistas em municípios e Estados.

Critérios
Ainda que pautada por critérios rigorosos, permanentemente examinados pelo Datafolha em conjunto com a Redação, a tarefa de classificar as informações em "positivas", "negativas" e "neutras" sempre esbarra em uma dose de subjetividade, reconhece o diretor-geral do instituto.
"Apesar dessa limitação, o método sistematiza a análise da cobertura", diz Paulino. "O importante é que sejam sempre cotejados dados colhidos a partir de critérios semelhantes. Isso ameniza possíveis distorções provocadas por julgamentos subjetivos."
Ele ressalta a importância de fornecer aos jornalistas subsídios para avaliar a cobertura do jornal ao longo da campanha, e não apenas depois da eleição, permitindo a correção de eventuais distorções no tratamento dispensado aos candidatos.
O Datafolha, que realiza medições desse gênero desde o pleito de 1989, neste ano está acompanhando, além do noticiário sobre os presidenciáveis, o material relativo à sucessão paulista.


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