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SÃO PAULO
Em reunião com empresários do ABCD, governador é surpreendido por manifestantes e promete reunião com secretário
Alckmin enfrenta protesto contra violência
JOSÉ ALBERTO BOMBIG
DA REPORTAGEM LOCAL
O que seria mais um encontro
de campanha entre o governador
de São Paulo, Geraldo Alckmin
(PSDB), e pequenos e médios empresários acabou se transformando ontem em um protesto contra
a política de segurança pública.
Alckmin, candidato à reeleição,
foi confrontado por representantes de movimentos populares e familiares de vítimas da violência
na Escola Superior de Administração e Gestão de Santo André,
cidade que compõe o ABCD, região com graves problemas de segurança. O próprio prefeito de
Santo André, Celso Daniel (PT),
foi assassinado em janeiro.
Do lado de fora do prédio, cerca
de 50 pessoas empunharam faixas
e cartazes contra a criação de um
Centro de Detenção Provisória
em São Bernardo do Campo e a
falta de segurança na região.
O governador, que enfatiza em
sua campanha o combate à violência, apresentou estatísticas que
comprovariam a redução na criminalidade e prometeu um encontro de representantes do
ABCD com o secretário da Segurança, Saulo de Abreu Castro Filho. "É só marcar a data", disse.
O momento mais agudo do encontro ocorreu quando o consultor Willian Komati, que teve o irmão assassinado em julho último
em São Bernardo, pediu providências para que os acusados do
crime fossem capturados.
Trajando uma camiseta branca
com a foto do irmão morto e a
inscrição "justiça seja feita", Komati entregou ao governador cópias das fotos dos dois acusados.
"Não quero que meu irmão se
transforme em uma estatística",
disse ele. Jackson Komati, 25, empresário, foi sequestrado no início
de julho. O corpo dele foi encontrado na represa Billings após a família ter pago o resgate.
Além do consultor, a Associação Viva Bem de São Bernardo do
Campo também fez críticas ao governador. "O Estado não nos garante segurança, por isso, não dá
para abrigar presos em área residencial, ao lado dos nossos filhos", disse a médica Ivete Zoboli,
representante do movimento
contra a construção da cadeia.
No total, cerca de 20 perguntas
por escrito, quase todas sobre o
tema da violência, foram encaminhadas ao governador tucano. Ele
as respondeu na hora.
Alckmin afirmou que o ABCD
vai ganhar, a partir do próximo
dia 3 de outubro, mais duas delegacias, o 1º e o 3º Distritos Policiais de São Bernardo do Campo.
"Eu tenho vindo sempre aqui
no ABCD, todos os índices de criminalidade aqui estão em queda.
O prefeito de São Bernardo do
Campo [Maurício Soares, PSDB]
deu um depoimento de uma queda de mais de 30% no número de
homicídios na cidade. Todos os
índices estão em queda, mas nós
não estamos satisfeitos", disse
Alckmin, após o debate.
Na divisa de São Bernardo do
Campo com a zona sul da capital,
segundo a polícia, está concentrada a maior parte dos cativeiros do
Estado. Em Diadema, é alto o número de homicídios.
A pauta do encontro -organizado pelo Sindicato do Comércio
Varejista do ABCD- previamente distribuída pela campanha tucana informava que o governador
iria apresentar suas propostas para estimular o desenvolvimento
das micro e pequenas empresas.
A campanha do PSDB suspeita
que alguns dos representantes de
movimentos que criticaram Alckmin ontem possuem vínculos
partidários com o PT e o PPB. Na
cúpula tucana, o episódio foi classificado como "constrangedor".
Os representantes ouvidos pela
Folha ontem negaram qualquer
vínculo partidário.
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