São Paulo, sexta-feira, 27 de setembro de 2002

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SÃO PAULO

Em reunião com empresários do ABCD, governador é surpreendido por manifestantes e promete reunião com secretário

Alckmin enfrenta protesto contra violência

JOSÉ ALBERTO BOMBIG
DA REPORTAGEM LOCAL

O que seria mais um encontro de campanha entre o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), e pequenos e médios empresários acabou se transformando ontem em um protesto contra a política de segurança pública.
Alckmin, candidato à reeleição, foi confrontado por representantes de movimentos populares e familiares de vítimas da violência na Escola Superior de Administração e Gestão de Santo André, cidade que compõe o ABCD, região com graves problemas de segurança. O próprio prefeito de Santo André, Celso Daniel (PT), foi assassinado em janeiro.
Do lado de fora do prédio, cerca de 50 pessoas empunharam faixas e cartazes contra a criação de um Centro de Detenção Provisória em São Bernardo do Campo e a falta de segurança na região.
O governador, que enfatiza em sua campanha o combate à violência, apresentou estatísticas que comprovariam a redução na criminalidade e prometeu um encontro de representantes do ABCD com o secretário da Segurança, Saulo de Abreu Castro Filho. "É só marcar a data", disse.
O momento mais agudo do encontro ocorreu quando o consultor Willian Komati, que teve o irmão assassinado em julho último em São Bernardo, pediu providências para que os acusados do crime fossem capturados.
Trajando uma camiseta branca com a foto do irmão morto e a inscrição "justiça seja feita", Komati entregou ao governador cópias das fotos dos dois acusados.
"Não quero que meu irmão se transforme em uma estatística", disse ele. Jackson Komati, 25, empresário, foi sequestrado no início de julho. O corpo dele foi encontrado na represa Billings após a família ter pago o resgate.
Além do consultor, a Associação Viva Bem de São Bernardo do Campo também fez críticas ao governador. "O Estado não nos garante segurança, por isso, não dá para abrigar presos em área residencial, ao lado dos nossos filhos", disse a médica Ivete Zoboli, representante do movimento contra a construção da cadeia.
No total, cerca de 20 perguntas por escrito, quase todas sobre o tema da violência, foram encaminhadas ao governador tucano. Ele as respondeu na hora.
Alckmin afirmou que o ABCD vai ganhar, a partir do próximo dia 3 de outubro, mais duas delegacias, o 1º e o 3º Distritos Policiais de São Bernardo do Campo.
"Eu tenho vindo sempre aqui no ABCD, todos os índices de criminalidade aqui estão em queda. O prefeito de São Bernardo do Campo [Maurício Soares, PSDB] deu um depoimento de uma queda de mais de 30% no número de homicídios na cidade. Todos os índices estão em queda, mas nós não estamos satisfeitos", disse Alckmin, após o debate.
Na divisa de São Bernardo do Campo com a zona sul da capital, segundo a polícia, está concentrada a maior parte dos cativeiros do Estado. Em Diadema, é alto o número de homicídios.
A pauta do encontro -organizado pelo Sindicato do Comércio Varejista do ABCD- previamente distribuída pela campanha tucana informava que o governador iria apresentar suas propostas para estimular o desenvolvimento das micro e pequenas empresas.
A campanha do PSDB suspeita que alguns dos representantes de movimentos que criticaram Alckmin ontem possuem vínculos partidários com o PT e o PPB. Na cúpula tucana, o episódio foi classificado como "constrangedor".
Os representantes ouvidos pela Folha ontem negaram qualquer vínculo partidário.


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