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CAMPO MINADO
MST rompe acordo de trégua; ruralista diz que ato é provocação
Sem-terra invadem fazenda de presidente da UDR no Pontal
CRISTIANO MACHADO
COLABORAÇÃO PARA A AGÊNCIA FOLHA, EM
PRESIDENTE PRUDENTE
Rompendo um acordo de trégua feito com um promotor de
Justiça do Pontal do Paranapanema, o MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) invadiu ontem a fazenda Ipezal, em
Sandovalina (SP), propriedade do
presidente nacional da UDR
(União Democrática Ruralista),
Luiz Antônio Nabhan Garcia.
Segundo a polícia local, por volta das 6h, cerca de 300 pessoas ligadas ao movimento destruíram
cercas e invadiram a área. O MST
alega que fez a invasão por se tratar de área "devoluta" e "improdutiva". Já o ruralista classificou o
ato como "uma provocação".
"É pura provocação, retaliação
pelo nosso posicionamento contrário a esse vandalismo. Minha
propriedade é particular e altamente produtiva", disse Nabhan.
Segundo ele, a fazenda tem 360
hectares e 600 cabeças de gado.
Até o fechamento desta edição, a
Fundação Itesp (Instituto de Terras do Estado de São Paulo) não
havia informado a situação jurídica do imóvel. No momento da
ação, disse o ruralista, os funcionários da fazenda disseram ter
ouvido disparos por parte dos
sem-terra -o MST nega.
A invasão ocorreu cinco dias
depois de um grupo de coordenadores do movimento, entre eles
José Rainha Jr., selar um pacto
com o promotor de Justiça de Mirante do Paranapanema Marcos
Akira. Pelo acordo, o MST se
comprometeu em suspender a
agenda de invasões por um mês
em troca da liberdade de dirigentes que tinham sido presos.
No início deste mês, a pedido de
Akira, a juíza de Mirante do Paranapanema, Adriana Nolasco da
Silva, havia determinado a prisão
de Rainha. Na última quarta,
quando o acordo foi ratificado no
fórum da cidade, o promotor
ameaçou pedir novamente a prisão de integrantes do MST caso o
acordo fosse rompido.
O promotor disse ontem à Folha que pedirá à polícia a identificação dos líderes que planejaram
a ação. "Se houver a participação,
mesmo que indireta, daqueles
que se comprometeram em manter o acordo, já é suficiente para
pedir a custódia dos acusados."
Akira diz que o pacto tem o objetivo de manter a ordem no Pontal. "O Ministério Público deve
agir na prevenção de conflitos."
Rainha negou participação na
invasão. "Estou sabendo agora.
Fico pasmo em saber dessa ocupação. A quem interessa isso?" Já
a dirigente estadual do MST Maria Aparecida Gonçalves, que participou da invasão, negou o acordo. "A direção do MST não fez
acordo. Estamos obedecendo ao
calendário de lutas determinado
pela coordenação nacional."
O pacto foi criticado por Nabhan. "[Essa invasão] prova que o
Ministério Público não pode fazer
acordo com chefe de quadrilha."
O juiz de Pirapozinho Francisco
José Dias Gomes concedeu na tarde de ontem a reintegração de
posse da fazenda e determinou
um prazo de quatro dias para a
saída voluntária das famílias.
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