|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
REFORMAS AOS PEDAÇOS
Parecer da tributária deve ir a votação na quarta
Desgastado, governo tem semana decisiva no Senado
RAYMUNDO COSTA
RAQUEL ULHÔA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Desgastado politicamente, o governo chega à etapa decisiva da
votação das reformas no Senado
sob pressão da oposição e até de
aliados: do PMDB, que pretende
aproveitar a oportunidade para se
posicionar melhor na reforma
ministerial, ao PT, cujos governadores reclamam uma reunião
com o presidente Luiz Inácio Lula
da Silva para pedir mais recursos
para as regiões mais pobres.
A sete semanas do recesso do
Congresso, ainda não foi decidido
o que será votado da reforma tributária, embora a primeira votação do parecer do relator Romero
Jucá (PMDB-RR) esteja prevista
para depois de amanhã. A reforma da Previdência, mais adiantada, entra amanhã na pauta do plenário para o início das discussões
e apresentação de emendas.
Além do calendário das reformas -pelo menos partes da tributária precisam ser votadas neste ano-, o governo deve enfrentar uma semana difícil justamente
quando comemora um ano da
eleição. PSDB e PFL pretendem
explorar as divergências na cúpula da Receita Federal e a notícia de
que o PT, na campanha, montou
equipe para espionar adversários.
"Isso é matéria de CPI. É sórdido", disse o líder do PSDB, Arthur
Virgílio (AM), referindo-se a reportagem publicada na revista
"Veja" sobre o grupo montado no
PT para investigar os adversários.
A estratégia da oposição é tentar
desgastar o governo para enfraquecê-lo na negociação. "A semana será complexa para o governo,
porque vão coincidir as discussões das duas reformas", prevê o
líder do PFL, José Agripino (RN).
Isso, ressalta Agripino, num
momento de queda da popularidade de Lula e em que o governo é
fragilizado pela crise na Receita,
pela demissão do secretário de Segurança Luiz Eduardo Soares e
pelo questionamento ético de ministros que usaram dinheiro público em viagens não-oficiais.
Para o líder do governo no Senado, Aloizio Mercadante (PT-SP), as dificuldades não devem interferir nas votações. Ele não acredita em obstrução da oposição.
Mais ainda, assegura a aprovação
fácil do parecer de Jucá, nessa fase. Quando à previdenciária, Mercadante ressalta que ela é do interesse da oposição.
A semana é de definição especialmente para a tributária. O parecer de Jucá deve ser votado na
quarta-feira, na Comissão de
Constituição e Justiça, sem que
haja entendimento. Pelo menos
422 emendas já foram apresentadas. E PFL e PSDB pretendem declarar votos em separado.
Descrentes de que o Fundo de
Desenvolvimento Regional, previsto na proposta, seja aprovado,
os governadores do PT pediram
uma reunião com Lula: querem
um mecanismo "extra-reforma"
para assegurar recursos às regiões
Norte e Nordeste. O apoio dos governadores é considerado fundamental para a aprovação.
O mais provável é que a reforma
tributária fique limitada, por enquanto, à prorrogação da CPMF e
da DRU (Desvinculação de Receitas da União), como quer o governo. Virgílio já tem discurso pronto: "Prorrogação da DRU e da
CPMF não é reforma". É por isso
que o governo vai tentar aprovar
também a unificação do ICMS.
Fundamental para o sucesso
das estratégias do governo e da
oposição será o PMDB, que tem
22 senadores, num universo de 81.
A sigla deve ser o fiel da balança,
mas pretende vender caro seu
apoio ao Planalto. Há um ano o
partido discute sua entrada no governo e acha que chegou a hora.
A partir de amanhã, a previdenciária será discutida e terá prazo
de cinco dias para receber emendas. Depois, retorna à CCJ. É nessa fase que a oposição e até petistas, como Paulo Paim (RS), acreditam poder mudar o texto da Câmara dos Deputados.
Texto Anterior: Painel Próximo Texto: Agenda cheia: Lula abre Internacional Socialista Índice
|