CHICO DE GOIS
DA REPORTAGEM LOCAL

A filósofa Marilena Chaui afirmou, em encontro de intelectuais e artistas em apoio à reeleição de Marta Suplicy (PT), que a prefeita licenciada fez "ação civilizatória" em São Paulo.
Chaui, que até então não havia se pronunciado publicamente a favor da petista, defendeu programas de Marta, como o Vai-e-Volta e o Renda Mínima.
"Temos obrigação de fazê-la ficar pelo modo como enfrentou a campanha." E atacou o PSDB: "É esta gente séria que, nesta campanha, praticou todas as formas permitidas e não permitidas à violência -violência entendida como violação do corpo, do espírito, da obra, da pessoa, do espaço privado e do espaço público". A filósofa foi secretária da Cultura no governo Erundina (1989-92), o primeiro do PT na capital paulista.
Na reunião, que aconteceu anteontem, o tom geral dos discursos dos apoiadores, em que pese o incômodo com o apoio declarado do ex-prefeito Paulo Maluf (PP) a Marta, seguiu o de Chaui: críticas ao PSDB e elogios às ações para inclusão social, descritas como marca da gestão.
Entre os participantes, estavam crítico literário Antonio Candido (leia texto ao lado), os atores Paulo Betti e Ângelo Antonio, a cantora Leci Brandão e o cantor Edgard Scandurra (Ira!) . Imagens do evento e depoimentos foram exibidos no programa eleitoral ontem à noite.

Carisma pessoal
O professor de direito da USP Fábio Konder Comparato, não compareceu, mas mandou uma mensagem, lida pela socióloga Margarida Genevois.
"Não importa, pois, minimamente numa democracia, se um governo é ou não dotado de carisma pessoal", escreveu. "Esse fato não constitui, de modo algum, um critério de legitimidade política a justificar a eleição pelo povo."
Comparato afirmou que a gestão Marta promoveu "a mais abrangente e profunda política de respeito aos direitos humanos, da população pobre e desprotegida de São Paulo". De acordo com ele, "tal fato, só por si, compensa largamente todas as deficiências ocorridas no desempenho do serviço público em outras áreas".
O ministro Gilberto Gil (Cultura) usou letra de ciranda cantada em Pernambuco para externar seu apoio a reeleição de Marta. "Eu vim aqui pra te ver como te vi indo embora, trabalho na barca grande e só chego fora de hora."
Gil, filiado ao PV, qualificou de "escabrosa" a decisão de seu partido na capital, que declarou apoio a José Serra (PSDB). O ministro contou ter dito a um interlocutor em São Paulo que apoiaria a prefeita licenciada no segundo turno "de qualquer maneira". O PV municipal não quis comentar.


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