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QUESTÃO AGRÁRIA
Sem-terra poderão ficar em área invadida por mais 150 dias
Justiça mantém MST em fazenda
CAROLINA FARIAS
FREE-LANCE PARA A FOLHA VALE
A Justiça decidiu ontem permitir que 215 famílias de trabalhadores rurais sem-terra acampadas
há 18 dias na fazenda Abrahão,
em Taubaté (134 km de São Paulo), fiquem no local por mais 150
dias, até que o Incra conclua a vistoria de áreas localizadas na região que possam abrigá-las.
A decisão foi tomada ontem pela juíza Márcia Rezende Barbosa
de Oliveira, da 3ª Vara Cível de
Taubaté, após audiência, convocada por ela, com a participação
dos donos da área e de representantes do Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma
Agrária), do Itesp (Fundação Instituto de Terras do Estado de São
Paulo) e do Ministério Público.
Desde a invasão da área pelo
MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) no dia 9
-a primeira após a eleição de
Luiz Inácio Lula da Silva-, a decisão de ontem é a terceira vitória
seguida obtida pelo movimento.
De início, o MST conseguiu o
compromisso do Incra para vistorias de oito áreas na região, consideradas improdutivas pelo movimento, que foram pedidas em
1997. No dia 14, advogados do
movimento conseguiram, com a
mesma juíza, a suspensão dos
efeitos de uma liminar de reintegração de posse que havia sido
concedida no mesmo dia.
"Acreditamos que, se existir
uma área [improdutiva", no prazo de 150 dias será marcada uma
nova reunião. Então, as famílias
poderiam ser remanejadas para
uma outra área, aguardando o assentamento, que já estaria assegurado", afirmou Geraldo Leite, superintendente regional do Incra.
Segundo ele, pode haver mais
áreas na região sujeitas a vistorias,
além das apontadas pelo MST.
Além de permitir que as famílias fiquem no local, a Justiça determinou que um técnico verifique qual é o tamanho da área utilizada pelo proprietário, Adalberto Abrahão, para a criação de 180
cabeças de gado. Em paralelo, um
engenheiro do Itesp estudará a fazenda para saber sua extensão e
determinar qual parte deverá ser
destinada ao MST.
O superintendente do Incra esteve ontem na área invadida e disse ter constatado que a fazenda está em "total abandono". De acordo com ele, a fazenda Abrahão
não pode ser vistoriada agora, já
que uma medida provisória editada por Fernando Henrique Cardoso em 2001 determina que
áreas invadidas só podem passar
por vistoria dois anos após a saída
dos invasores.
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