São Paulo, sábado, 28 de fevereiro de 2004

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Preocupado com "saúde financeira", RS deve abafar nova CPI do Bicho

LÉO GERCHMANN
DA AGÊNCIA FOLHA, EM PORTO ALEGRE

O Rio Grande do Sul, onde se discute uma CPI para retomar a investigação sobre supostos vínculos do governo petista de Olívio Dutra (1999-2002) com bicheiros, foi incluído na "agenda positiva" do governo federal, a partir da ajuda financeira para o Estado pagar seu funcionalismo.
Ontem, o líder do governo na Assembléia, Alexandre Postal (PMDB) afirmou em declaração paralela à boa vontade da União: "Não vejo elementos para uma CPI. Por questões eleitorais e políticas, não vale a pena".
Se montada, a CPI seria a segunda na Assembléia sobre a gestão do atual ministro das Cidades, então governador do Estado. A primeira foi aberta em 2001.
Em almoço anteontem com o chefe da Casa Civil do governo peemedebista, Alberto Oliveira, Postal e o vice-líder do governo na Assembléia, Janir Branco, concluíram que será evitado o confronto com o PT e que os assuntos relativos à saúde financeira do Estado serão prioridade.
A bancada do PMDB, de nove integrantes, reúne-se na próxima terça para definir posição. É provável que o partido rejeite a CPI. A bancada do PT tem 13 integrantes. Para a abertura de CPI, são necessárias 19 assinaturas do total de 55 deputados. Como o governo de Germano Rigotto (PMDB) é fruto de uma composição, outros aliados podem rejeitar a CPI.
Rigotto telefonou para Lula, de quem é aliado, na última quarta. Relatou, então, a situação financeira do Estado e a determinação que teve de tomar de parcelar o pagamento dos funcionários que ganham acima de R$ 1.000.
Depois desse contato, houve negociações envolvendo Rigotto, o ministro da Fazenda, Antonio Palocci Filho, o ministro da Coordenação Política, Aldo Rebelo (PC do B-SP), e o ministro da Previdência, Amir Lando (PMDB-RO).
Quanto a créditos previdenciários de quem saiu da iniciativa privada e se aposentou pelo setor público, o governo estadual espera receber R$ 200 milhões. A União diz que o valor é de R$ 100 milhões -suficientes para pagar a folha, de 82 mil funcionários.
O PT nacional já iniciara, na semana passada, a estabelecer estratégias de reação contra acusações que vinculam o PT gaúcho a bicheiros. O ministro José Dirceu (Casa Civil) telefonou para o senador Pedro Simon (PMDB-RS). O presidente nacional do PT, José Genoino, disse que "o PT pretende manter a sintonia institucional" com Rigotto e evitou falar sobre futuras alianças.


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