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AJUSTE FISCAL
Escolas de regiões carentes deixarão de receber repasses adicionais do Ministério da Educação
Cortes do MEC atingem municípios pobres
da Sucursal de Brasília
Os municípios
das regiões mais
pobres do país
foram prejudicados pelos cortes no orçamento do Ministério
da Educação por
conta do ajuste fiscal do governo.
Até o ano passado, as escolas de
áreas carentes receberam atenção
prioritária do MEC, que repassava
recursos por aluno acima da média
nacional, além de manter programas para atender especialmente às
necessidades dessas escolas.
Essa "política compensatória"
era a principal estratégia adotada
pelo governo federal para combater a pobreza, já que estava redistribuindo renda.
Por causa dos cortes no orçamento do MEC, de R$ 574 milhões,
as escolas de regiões carentes deixarão de receber repasses adicionais e terão à disposição o mesmo
que era destinado para os municípios mais ricos.
Dinheiro na Escola
Foi o que aconteceu com o Dinheiro na Escola -programa que
repassa às escolas verba para reforma e manutenção de prédios, além
de compra de equipamentos e material de consumo.
No ano passado, o MEC distribuiu R$ 304 milhões para 129 mil
escolas com mais de 20 alunos. As
escolas dos 1.353 municípios do
Comunidade Solidária recebiam
30% a mais do que as escolas do
resto do país.
No Orçamento de 99, o valor disponível caiu para R$ 294 milhões.
Antes do corte, a previsão era que a
verba chegasse a R$ 359,4 milhões.
Para se adequar aos cortes, o
MEC avaliou que a melhor alternativa seria suspender o repasse extra às escolas do Comunidade Solidária, que passarão a receber o
mesmo que as do Sul e Sudeste.
Segundo o MEC, como os municípios pobres contam agora com
os recursos do fundão (fundo de
valorização do magistério), a suspensão do repasse extra não vai
prejudicar os alunos.
Neste ano, o MEC deverá repassar R$ 900 milhões aos municípios
por conta do fundão. No Orçamento aprovado, só há R$ 436,4
milhões disponíveis, mas o ministro Paulo Renato Souza (Educação) afirmou que os R$ 463,6 milhões que faltam serão obtidos por
meio de suplementação orçamentária.
As prefeituras são obrigadas a
usar 60% do fundão para pagar
professores. O que sobra pode ser
usado para construir e reformar
escolas, introduzir inovações pedagógicas ou treinar professores.
Os municípios do Comunidade
Solidária também foram prejudicados com alterações no programa
de distribuição da merenda escolar. Embora a verba do programa
tenha aumentado de R$ 783 milhões em 98 para R$ 930 milhões
neste ano, as regiões pobres deixarão de receber recursos adicionais.
De 96 a 98, os municípios do Comunidade Solidária recebiam R$
0,20 por dia da União para alimentar seus alunos, enquanto as demais cidades ganhavam R$ 0,13.
Agora, todas vão receber R$ 0,13.
Com a suspensão do complemento, o MEC economizará entre
R$ 70 e R$ 90 milhões. Os municípios não podem usar a verba do
fundão para comprar merenda.
Mas, segundo o MEC, podem fazer
"jogo contábil" e usar dinheiro
economizado em outras áreas cobertas pelo fundão (como construção de escolas) para adquirir alimentos.
Transporte
Dois programas que atendiam
prioritariamente as escolas de municípios pobres também sofreram
cortes ou foram reestruturados.
O programa de transporte escolar foi o que sofreu maior corte. No
ano passado, o governo federal
gastou R$ 73,9 milhões para comprar ônibus escolares para as prefeituras de municípios carentes.
Neste ano, só há R$ 15 milhões
disponíveis. Em vez dos 1.588 municípios atendidos, só 500 receberão verba para comprar ônibus.
O programa Saúde do Escolar
também tem menos recursos disponíveis do que no ano passado.
Dos R$ 24 milhões gastos em 98, só
sobraram R$ 18 milhões.
Por conta do corte, as escolas não
vão mais receber uma minifarmácia com kit de primeiros-socorros
e medicamentos básicos.
Os alunos também ficarão sem o
kit de higiene pessoal (com escova,
pasta de dente, pente etc.).
(DANIELA FALCÃO)
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