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São Paulo, quarta-feira, 28 de maio de 2003

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NEO-ALIADOS

Por 10 votos a favor, partido agora apoia o Planalto, mas apoio integral às reformas ainda será debatido

PMDB oficializa adesão à base de apoio ao governo

Alan Marques/Folha Imagem
Os deputados Eunício Oliveira e Michel Temer e o senador Renan Calheiros na reunião do PMDB


RAYMUNDO COSTA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Por 10 votos a 3 e uma abstenção, a Executiva Nacional do PMDB aprovou ontem o apoio congressual do partido ao governo do PT. Na prática, a decisão significa a integração da sigla à base de sustentação política do Planalto, com direito a voz e voto no colégio de líderes governistas.
A decisão da Executiva ainda é insuficiente para levar o partido a fechar questão nas votações das reformas. Isso só ocorrerá depois que a decisão da Executiva for referendada pelo Conselho Político, em reunião ainda a ser marcada, mas que deve ocorrer pelo menos depois das primeiras votações nas comissões técnicas.
O presidente do PMDB, Michel Temer (SP), que já votou a favor da cobrança dos inativos do serviço público, disse que mudou de opinião e agora deve votar contra na Comissão de Constituição e Justiça. Os 15 integrantes da Executiva eram os mesmos que aprovaram a aliança da sigla com o PSDB na eleição de 2002.
"Mudaram as circunstâncias políticas", justificou Temer. "Além disso, as propostas de reformas são absolutamente as mesmas, a política econômica é a mesma", acrescentou.
Mesmo os três votos favoráveis para que o PMDB se mantivesse numa posição de independência -Cezar Schirmer (RS), Dorany Sampaio (PE) e Nabor Júnior (AC), além de Carlos Alberto Muniz (RJ), que se absteve- disseram que apoiarão as reformas.
Com a entrada do PMDB, a base de sustentação política do governo na Câmara passa a contar formalmente com 326 deputados, número mais que suficiente para a aprovação das reformas, que exige o quórum qualificado de três quintos (308 votos). Mas é certo que cerca de 15 dos 68 deputados do PMDB continuarão a fazer oposição ao governo.
Na prática, a base do governo para votar as reformas deve ficar entre 350 e 380 deputados. É que o governo conta com apoios mesmo nos partidos de oposição: ao menos 12 dos 62 deputados do PSDB e mais de 30 dos 72 do PFL. No PP, ex-PPB, pelo menos 37 dos 45 deputados devem acompanhar a orientação do Planalto. No PT, porém, devem ocorrer pelo menos três defecções.
A reunião teve um momento de tensão. Foi quando o deputado Cezar Shirmer (RS) acusou Temer de "rasgar o estatuto do partido" ao submeter à Executiva uma decisão que na realidade caberia ao Conselho Político, um colegiado bem mais amplo. Temer explicou que o Conselho Político seria chamado mais adiante para homologar a decisão.
Votaram pela entrada: Ana Catarina (RN), João Henrique (PI), Renato Vianna (SC), Carlos Bezerra (MT), os líderes Eunício Oliveira (CE) e Renan Calheiros (AL), Albérico Filho (MA), Tadeu Filipelli (DF), Ney Suassuna (PB) e Marluce Pinto (RR).Temer só vota em caso de empate.


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