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CONGRESSO
Parlamentar é inocentado da acusação de ter cobrado propina
Pedrinho Abrão obtém 247
votos e escapa de cassação
DENISE MADUENO
LUIZA DAMÉ
da Sucursal de Brasília
A Câmara inocentou ontem o
deputado Pedrinho Abrão
(PTB-GO), processado por falta
de decoro parlamentar. O placar
registrou 247 votos contrários à
cassação, 164 votos a favor, 30 abstenções e 8 votos em branco.
O resultado foi anunciado sob
aplausos do plenário, mas nenhum deputado subiu à tribuna
para defender o parlamentar durante a sessão.
O parecer do relator do processo, Jarbas Lima (PPB-RS), não
conseguiu os 257 votos necessários para a aprovação.
Os deputados aceitaram a argumentação da defesa de que não havia provas contra o deputado.
Em sua defesa, Abrão usou um
discurso corporativista. "Caso eu
seja cassado, a palavra de um deputado terá bem menos valor do
que a de um lobista", afirmou, da
tribuna, antes de o resultado ser
anunciado.
O deputado foi acusado de ter
cobrado propina para manter os
recursos destinados à barragem
do Castanhão (Ceará) no Orçamento da União em dezembro de
1996. A denúncia partiu de Alfredo
Moreira, funcionário da empreiteira Andrade Gutierrez.
O parlamentar teria cobrado da
construtora, responsável pela
obra, 4% da parcela de R$ 43 milhões. Abrão era o relator setorial
do Orçamento para a área de recursos hídricos.
Antes mesmo de ser julgado,
Abrão já estava em campanha pela
reeleição. "Sou candidato porque
o povo de Goiás me conhece muito bem", afirmou.
Para pedir a cassação de Abrão,
o relator apresentou argumentos
indiretos. Segundo ele, a obra tem
características que incentivariam
esse tipo de tentativa de extorsão.
É uma obra grande, de alto valor,
com apoio do governo e que interessa diretamente à construtora.
A absolvição de Abrão coincide
com o aniversário de um dos primeiros processos de cassação da
história da Câmara. No dia 27 de
maio de 1949, o deputado Edmundo Barreto Pinto foi cassado por
falta de decoro parlamentar.
Barreto Pinto foi cassado depois
de ter posado para a revista "O
Cruzeiro" sem calças. Ele usava
cueca e paletó.
Chicão Brígido
Ainda na sessão de ontem, a Câmara deveria votar o processo que
envolve o deputado Chicão Brígido (PMDB-AC) e a suplente Adelaide Neri (PMDB-AC) por aluguel de mandato.
Durante o processo, Chicão confessou que ficava com parte do salário dos funcionários do gabinete
e que pediu quota de passagens aéreas e metade do salário extra da
convocação extraordinária para a
suplente Adelaide Neri.
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