São Paulo, quinta, 28 de maio de 1998

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CONGRESSO
Parlamentar é inocentado da acusação de ter cobrado propina
Pedrinho Abrão obtém 247 votos e escapa de cassação

DENISE MADUENO
LUIZA DAMÉ
da Sucursal de Brasília

A Câmara inocentou ontem o deputado Pedrinho Abrão (PTB-GO), processado por falta de decoro parlamentar. O placar registrou 247 votos contrários à cassação, 164 votos a favor, 30 abstenções e 8 votos em branco.
O resultado foi anunciado sob aplausos do plenário, mas nenhum deputado subiu à tribuna para defender o parlamentar durante a sessão.
O parecer do relator do processo, Jarbas Lima (PPB-RS), não conseguiu os 257 votos necessários para a aprovação.
Os deputados aceitaram a argumentação da defesa de que não havia provas contra o deputado.
Em sua defesa, Abrão usou um discurso corporativista. "Caso eu seja cassado, a palavra de um deputado terá bem menos valor do que a de um lobista", afirmou, da tribuna, antes de o resultado ser anunciado.
O deputado foi acusado de ter cobrado propina para manter os recursos destinados à barragem do Castanhão (Ceará) no Orçamento da União em dezembro de 1996. A denúncia partiu de Alfredo Moreira, funcionário da empreiteira Andrade Gutierrez.
O parlamentar teria cobrado da construtora, responsável pela obra, 4% da parcela de R$ 43 milhões. Abrão era o relator setorial do Orçamento para a área de recursos hídricos.
Antes mesmo de ser julgado, Abrão já estava em campanha pela reeleição. "Sou candidato porque o povo de Goiás me conhece muito bem", afirmou.
Para pedir a cassação de Abrão, o relator apresentou argumentos indiretos. Segundo ele, a obra tem características que incentivariam esse tipo de tentativa de extorsão. É uma obra grande, de alto valor, com apoio do governo e que interessa diretamente à construtora.
A absolvição de Abrão coincide com o aniversário de um dos primeiros processos de cassação da história da Câmara. No dia 27 de maio de 1949, o deputado Edmundo Barreto Pinto foi cassado por falta de decoro parlamentar.
Barreto Pinto foi cassado depois de ter posado para a revista "O Cruzeiro" sem calças. Ele usava cueca e paletó.

Chicão Brígido
Ainda na sessão de ontem, a Câmara deveria votar o processo que envolve o deputado Chicão Brígido (PMDB-AC) e a suplente Adelaide Neri (PMDB-AC) por aluguel de mandato.
Durante o processo, Chicão confessou que ficava com parte do salário dos funcionários do gabinete e que pediu quota de passagens aéreas e metade do salário extra da convocação extraordinária para a suplente Adelaide Neri.



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