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Em entrevista de 83 minutos, FHC fala sobre falhas e realizações
"Ninguém é infalível', diz presidente
da Sucursal de Brasília
O presidente Fernando Henrique Cardoso reconheceu ontem, durante entrevista de 83 minutos no Palácio da Alvorada,
que não conseguiu cumprir todas as promessas da campanha
de 1994 -"Não dá para fazer tudo"- e que seu governo
cometeu erros -"Ninguém é infalível".
FHC tentou ainda melhorar a imagem de seu governo, criticado pela demora em combater os efeitos da seca. Lembrou as
52 obras hídricas que está executando no Nordeste. Em tom
de campanha, prometeu: "Não vai morrer ninguém de fome
aqui (no Nordeste)". O presidente anunciou a criação de
"frentes produtivas" no Nordeste a partir de junho. Segundo
ele, as frentes vão atender a 1 milhão de pessoas.
FHC comparou, na entrevista, os líderes do MST a assaltantes. "Quando o MST ocupa um banco, se é verdade que o
MST entrou num banco, ele é igualzinho a alguém que entrou
num banco como assaltante."
O presidente disse ainda, ao comentar os saques no Nordeste, que "talvez haja quem queira e até ache proveitoso ter um
cadáver". Acrescentou que seu governo quer "bandeiras brasileiras flutuando e não corpos sendo levados em triunfo
-falso triunfo". FHC reconheceu, porém, que os saques não
estão ocorrendo só por motivação política. "Tinha gente sem
comida. Não é do meu estilo negar a realidade."
FHC repetiu, mais de uma vez, que ainda não é candidato.
Sobre os pedidos de aliados para que mude seu estilo, disse
que nunca acreditou "nessa coisa de transformar alguém em
sabonete para vender".
O presidente afirmou ainda que, se for preciso, adotará medidas impopulares. Mas negou que esteja elaborando um pacote fiscal para combater o déficit público. Para FHC, o Brasil
"tem que acabar com esta mania de ser bola da vez".
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