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CPI apura operação de R$ 368 mi
ISABEL CLEMENTE
CHICO SANTOS
da Sucursal do Rio
A CPI dos Bancos começou a investigar o motivo de só os maiores
fundos de pensão do país terem
comprado as debêntures emitidas
pela Teletrust de Recebíveis.
A Teletrust, que tinha entre os
sócios Roberto Cruz Moysés, ex-cunhado do dono do Marka, Salvatore Cacciola, emitiu R$ 368 milhões em debêntures, em novembro de 96, com base em ações de
companhias telefônicas estaduais.
Os senadores João Alberto
(PMDB-MA) e Saturnino Braga
(PSB-RJ) estiveram ontem na
CVM (Comissão de Valores Mobiliários), órgão que regula e fiscaliza
o mercado de capitais, para checar
a operação de emissão de debêntures que envolveu o Marka.
Segundo Saturnino, os fundos
compraram "todos os papéis".
Oito empresas venderam seus
planos de expansão para a Teletrust dando origem às ações -a
Telesp entre elas.
As companhias receberam seus
recursos à vista, mas os fundos Valia (Vale do Rio Doce), Petros (Petrobrás), Previ (Banco do Brasil) e
Funcef (Caixa Econômica Federal), que compraram as debêntures, deverão ter um prejuízo de
aproximadamente R$ 100 milhões,
segundo o senador João Alberto,
relator da CPI.
Inadimplência
O superintendente de Registros
da CVM, Carlos Rebelo, disse que a
Teletrust está inadimplente na última e maior das quatro séries que
emitiu, a de R$ 368 milhões.
A inadimplência da Teletrust se
deu porque os preços da linhas telefônicas caíram e o patrimônio da
empresa se desvalorizou, explicou
o presidente interino da CVM,
Leonardo Brunet.
A emissão estava dentro das normas do mercado, segundo a CVM.
Brunet explicou que o capital de
R$ 10 mil da Teletrust não era um
empecilho, porque as regras admitem que a empresa incorpore as
ações que estão por trás da emissão a ser feita como patrimônio.
A Folha apurou que, além da Teletrust, o Marka também esteve
envolvido em outra emissão de debêntures, feita por uma empresa
de propósito específico, a Global,
no valor de R$ 250 milhões, entre
95 e 96. A Global também tinha como lastro (garantia) ações de companhias telefônicas estaduais.
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