São Paulo, Sexta-feira, 28 de Maio de 1999
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CPI apura operação de R$ 368 mi

ISABEL CLEMENTE
CHICO SANTOS
da Sucursal do Rio

A CPI dos Bancos começou a investigar o motivo de só os maiores fundos de pensão do país terem comprado as debêntures emitidas pela Teletrust de Recebíveis.
A Teletrust, que tinha entre os sócios Roberto Cruz Moysés, ex-cunhado do dono do Marka, Salvatore Cacciola, emitiu R$ 368 milhões em debêntures, em novembro de 96, com base em ações de companhias telefônicas estaduais.
Os senadores João Alberto (PMDB-MA) e Saturnino Braga (PSB-RJ) estiveram ontem na CVM (Comissão de Valores Mobiliários), órgão que regula e fiscaliza o mercado de capitais, para checar a operação de emissão de debêntures que envolveu o Marka.
Segundo Saturnino, os fundos compraram "todos os papéis".
Oito empresas venderam seus planos de expansão para a Teletrust dando origem às ações -a Telesp entre elas.
As companhias receberam seus recursos à vista, mas os fundos Valia (Vale do Rio Doce), Petros (Petrobrás), Previ (Banco do Brasil) e Funcef (Caixa Econômica Federal), que compraram as debêntures, deverão ter um prejuízo de aproximadamente R$ 100 milhões, segundo o senador João Alberto, relator da CPI.

Inadimplência
O superintendente de Registros da CVM, Carlos Rebelo, disse que a Teletrust está inadimplente na última e maior das quatro séries que emitiu, a de R$ 368 milhões.
A inadimplência da Teletrust se deu porque os preços da linhas telefônicas caíram e o patrimônio da empresa se desvalorizou, explicou o presidente interino da CVM, Leonardo Brunet.
A emissão estava dentro das normas do mercado, segundo a CVM. Brunet explicou que o capital de R$ 10 mil da Teletrust não era um empecilho, porque as regras admitem que a empresa incorpore as ações que estão por trás da emissão a ser feita como patrimônio.
A Folha apurou que, além da Teletrust, o Marka também esteve envolvido em outra emissão de debêntures, feita por uma empresa de propósito específico, a Global, no valor de R$ 250 milhões, entre 95 e 96. A Global também tinha como lastro (garantia) ações de companhias telefônicas estaduais.


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