São Paulo, Sexta-feira, 28 de Maio de 1999
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NO AR
O presidente cala

NELSON DE SÁ
da Reportagem Local

Na coletiva de Pimenta da Veiga, dias atrás, tentaram ler o diálogo de FHC com André Lara Resende, mas o ministro se recusou a ouvir.
Recusou-se à "exegese", à "interpretação". Sobretudo, recusou-se mesmo a ouvir. E calou os entrevistadores.
No discurso de ontem, FHC não precisou calar ninguém, diretamente. Como Pimenta, questionou a "interpretação", que chamou de "leviana". E vestiu o professor:
- Como sou cientista social, quando faço as exegeses dos textos... se aluno meu fizesse isso, eu reprovaria por ser ou incompetente ou imoral.
Na personagem de cientista social e professor, FHC já ia quase interpretando.
- Mas, como não sou mais professor, apenas presidente, me calo. Quando calo, eu não calo porque concordei, porque temi. Eu calo porque sei da responsabilidade do cargo.
Entenda-se bem, portanto: presidente, FHC não pode dar sua interpretação para a frase "não tenha dúvida".
Faz como Pimenta, que nem "apenas presidente" é, mas não ouve nem fala.

Parecia brincadeira, mas era uma locução noticiosa, ontem à tarde na Globo News:
- O presidente indicou uma comissão para elaborar um código de ética e conduta. A comissão vai poder ajudar o presidente a tomar decisões nos casos em que as regras não forem claras.

Não é mais só o PT. Ontem, no Jornal da Record, Itamar entrou em campo:
- Itamar quer as eleições gerais no ano que vem.
Mas é só Boris Casoy.
De resto, como pedia Mário Covas desde terça na TV, só tem caça ao araponga.

Parecia brincadeira, mas era um comercial da Tele Norte Leste, em plena TVE:
- O seu telefone nunca fez trim por acaso...

E-mail: nelsonsa@folhasp.com.br


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