São Paulo, Sexta-feira, 28 de Maio de 1999
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MISTÉRIO EM AL
Encontro será em junho
Debate entre peritos terá especialistas

PAULO PEIXOTO
da Agência Folha, em Maceió


O Ministério Público de Alagoas está montando uma equipe de especialistas em criminalística para mediar o debate entre os peritos Fortunato Badan Palhares, da Unicamp, e Daniel Munhoz, da USP (Universidade de São Paulo), marcado para o dia 17 de junho, em Maceió.
O debate confrontará os autores dos dois laudos distintos sobre as mortes do empresário Paulo César Farias, o PC, e sua namorada Suzana Marcolino, em junho de 96.
A equipe está sendo arregimentada em todo o país, mas os nomes desses especialistas ainda não foram divulgados.
Segundo o promotor Luiz Vasconcelos, a equipe será uma espécie de consultora do Ministério Público. ""Vai ser um debate acalorado. São muitos detalhes técnicos a serem esclarecidos que vão embasar o trabalho do Ministério Público", afirmou o promotor.
Quando o debate acontecer, provavelmente o novo inquérito já estará concluído, e pelo menos dois seguranças do empresário morto deverão estar indiciados.
""Pretendemos concluir o inquérito em duas semanas. Ainda não temos a conclusão, mas a maior culpabilidade, pelo menos em tese, é dos seguranças que estavam trabalhando naquele dia. Eles devem ser indiciados", disse o delegado Alcides Andrade.
Os seguranças José Geraldo da Silva e Adeildo dos Santos estavam na casa quando PC e Suzana foram mortos. Reinaldo Correia de Lima Filho e Josemar Faustino dos Santos teriam chegado pela manhã, antes de os corpos serem encontrados no quarto.
O delegado disse que essa culpabilidade é ""fato consumado" baseado em três fatos: eles estavam na casa de praia na hora dos disparos, estavam acordados e disseram não ter ouvido os tiros, contrariando os laudos de Badan Palhares e de Munhoz, que afirmam que os seguranças deveriam ter escutado os disparos.
O indiciamento dos outros dois seguranças pode acontecer se ficar caracterizado que houve uma ""trama". ""Se houve trama, todos devem ser indiciados", disse.
Os delegados Andrade e Antônio Carlos Lessa, no entanto, não especificam se os indiciamentos serão pelos dois assassinatos, só pela morte de Suzana ou se os seguranças serão acusados de serem autores ou co-autores dos dois crimes ou apenas de um.
Lessa disse que o debate entre os peritos não está amarrado à conclusão do inquérito, já que a polícia trabalha com a altura de Suzana indicada pelo laudo de Munhoz (1,57 m), que foi confirmada por um novo laudo da Unicamp, realizado por Ricardo Molina de Figueiredo (entre 1,53 m e 1,57 m).
Os principais pontos de confronto entre os laudos de Badan Palhares e Munhoz são a altura de Suzana e a tese do homicídio seguido de suicídio.
Badan afirma que Suzana, com 1,67 m, matou PC e se suicidou. Munhoz, por sua vez, disse que a namorada de PC media 1,57 m e que houve duplo homicídio.
A altura de Suzana é determinante para esclarecer a trajetória do tiro que a atingiu. Com 1,57 m, a bala teria atingido o seu rosto ou passado sobre um dos ombros. Ela morreu com um tiro no peito.

Depoimento
Flávio Almeida, que foi secretário particular de PC desde 1990 e foi namorado de Suzana Marcolino, depôs ontem durante quatro horas. Na saída, disse apenas que não sabia de brigas entre o casal, conforme alegam os seguranças, e que PC sabia do namoro que ele teve com Suzana antes e depois de ser seu assessor.
O delegado Andrade afirmou que foi feita uma ""garimpagem" do depoimento de Almeida e que foram extraídos ""dois ou três pontos positivos". O delegado, no entanto, não revelou que pontos seriam esses.
Estão previstos para hoje os depoimentos de Iran Nunes, irmão de Suzana Marcolino, e Marcos Peixoto, ex-diretor do Instituto Médico Legal de Alagoas.


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