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MISTÉRIO EM AL
Encontro será em junho
Debate entre peritos terá especialistas
PAULO PEIXOTO
da Agência Folha, em Maceió
O Ministério
Público de Alagoas está montando uma equipe de especialistas em criminalística para mediar o debate entre os peritos Fortunato Badan Palhares, da Unicamp, e Daniel Munhoz, da USP (Universidade de
São Paulo), marcado para o dia 17
de junho, em Maceió.
O debate confrontará os autores
dos dois laudos distintos sobre as
mortes do empresário Paulo César
Farias, o PC, e sua namorada Suzana Marcolino, em junho de 96.
A equipe está sendo arregimentada em todo o país, mas os nomes
desses especialistas ainda não foram divulgados.
Segundo o promotor Luiz Vasconcelos, a equipe será uma espécie de consultora do Ministério
Público. ""Vai ser um debate acalorado. São muitos detalhes técnicos
a serem esclarecidos que vão embasar o trabalho do Ministério Público", afirmou o promotor.
Quando o debate acontecer, provavelmente o novo inquérito já estará concluído, e pelo menos dois
seguranças do empresário morto
deverão estar indiciados.
""Pretendemos concluir o inquérito em duas semanas. Ainda não
temos a conclusão, mas a maior
culpabilidade, pelo menos em tese,
é dos seguranças que estavam trabalhando naquele dia. Eles devem
ser indiciados", disse o delegado
Alcides Andrade.
Os seguranças José Geraldo da
Silva e Adeildo dos Santos estavam
na casa quando PC e Suzana foram
mortos. Reinaldo Correia de Lima
Filho e Josemar Faustino dos Santos teriam chegado pela manhã,
antes de os corpos serem encontrados no quarto.
O delegado disse que essa culpabilidade é ""fato consumado" baseado em três fatos: eles estavam
na casa de praia na hora dos disparos, estavam acordados e disseram
não ter ouvido os tiros, contrariando os laudos de Badan Palhares e
de Munhoz, que afirmam que os
seguranças deveriam ter escutado
os disparos.
O indiciamento dos outros dois
seguranças pode acontecer se ficar
caracterizado que houve uma ""trama". ""Se houve trama, todos devem ser indiciados", disse.
Os delegados Andrade e Antônio
Carlos Lessa, no entanto, não especificam se os indiciamentos serão
pelos dois assassinatos, só pela
morte de Suzana ou se os seguranças serão acusados de serem autores ou co-autores dos dois crimes
ou apenas de um.
Lessa disse que o debate entre os
peritos não está amarrado à conclusão do inquérito, já que a polícia trabalha com a altura de Suzana
indicada pelo laudo de Munhoz
(1,57 m), que foi confirmada por
um novo laudo da Unicamp, realizado por Ricardo Molina de Figueiredo (entre 1,53 m e 1,57 m).
Os principais pontos de confronto entre os laudos de Badan Palhares e Munhoz são a altura de Suzana e a tese do homicídio seguido de
suicídio.
Badan afirma que Suzana, com
1,67 m, matou PC e se suicidou.
Munhoz, por sua vez, disse que a
namorada de PC media 1,57 m e
que houve duplo homicídio.
A altura de Suzana é determinante para esclarecer a trajetória do tiro que a atingiu. Com 1,57 m, a bala
teria atingido o seu rosto ou passado sobre um dos ombros. Ela morreu com um tiro no peito.
Depoimento
Flávio Almeida, que foi secretário particular de PC desde 1990 e
foi namorado de Suzana Marcolino, depôs ontem durante quatro
horas. Na saída, disse apenas que
não sabia de brigas entre o casal,
conforme alegam os seguranças, e
que PC sabia do namoro que ele teve com Suzana antes e depois de
ser seu assessor.
O delegado Andrade afirmou
que foi feita uma ""garimpagem"
do depoimento de Almeida e que
foram extraídos ""dois ou três pontos positivos". O delegado, no entanto, não revelou que pontos seriam esses.
Estão previstos para hoje os depoimentos de Iran Nunes, irmão
de Suzana Marcolino, e Marcos
Peixoto, ex-diretor do Instituto
Médico Legal de Alagoas.
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