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GOVERNO
Presidente diz que Vale, sem-terra e salário mínimo prejudicaram
Exposição fará aumentar
popularidade, afirma FHC
ELIANE CANTANHÊDE
Diretora da Sucursal de Brasília
O presidente Fernando Henrique Cardoso considera que sua
popularidade se mantém estável,
apesar da queda de 42% para 39%
registrada pela última pesquisa nacional Datafolha, publicada ontem.
Na opinião do presidente, o importante é que esses índices se
mantêm dentro da média apurada
desde o início do governo.
Além disso, frisa que a variação
da última para a nova pesquisa está
dentro da margem de erro (de 2%
para cima ou para baixo, nos dois
casos).
Um dado relevante da pesquisa
Datafolha é que, pela primeira vez,
a parcela que considera o governo
apenas regular (42%) ultrapassou
a que o acha bom ou ótimo (39%).
As últimas pesquisas da empresa
MCI, feitas para o Palácio do Planalto, com mil pessoas, por telefone, também apuraram que a maioria acha o governo regular.
No dia 25 de junho, a MCI chegou aos seguintes resultados: 41%
de ótimo e bom, 46% de regular e
13% de ruim e péssimo. A pesquisa
anterior do mesmo instituto, foi
no dia 5 de junho. Resultado: 37%
de ótimo e bom, 49% de regular e
14% de ruim e péssimo.
O presidente se diz convencido
de que três fatores interferiram negativamente nos índices do mês
passado: a venda da Companhia
Vale do Rio Doce -"que foi
mal-explicada pelo governo"-, o
aumento do salário mínimo e a
marcha dos sem-terra até Brasília.
"Agora, as coisas voltam a entrar nos eixos", diz ele, que vem
dando sucessivas entrevistas e estimulando ministros e assessores a
divulgarem melhor os programas
de governo que ele julga positivos.
Numa conversa informal, perguntaram ao presidente: "O sr. se
acha melhor do que o seu governo?" Ele respondeu, rindo: "É o
que as pesquisas dizem".
Sucessão
Apesar das críticas do PSDB contra suas recentes conversas com o
ex-presidente Itamar Franco (sem
partido) e o ex-prefeito Paulo Maluf (PPB), o presidente diz que
"política se faz conversando" e
garante que não fez acordos.
"O Ulysses já dizia que você tem
que colar é no adversário. Aliado já
é aliado", justifica Fernando Henrique em relação a Maluf, dizendo-se certo da compreensão do
governador Mário Covas (SP),
provável candidato à reeleição.
"O Mário é político, ele sabe das
coisas", diz o presidente, que tem
uma fórmula para favorecer a vitória do PSDB nas eleições do próximo ano: "Grudar no meu governo. Se o governo estiver bom, o
partido ganha."
Quanto a Itamar, Fernando
Henrique deixa claro para diferentes interlocutores que não gostaria
de concorrer contra ele no ano que
vem. "Nós somos amigos fraternais, mas campanha é sempre
aquela coisa. A equipe acaba brigando, fica tudo envenenado",
justificou.
Apesar de elogiar o prefeito do
Rio de Janeiro, Luiz Paulo Conde,
ele diz que não vai interferir na
eleição do Estado. "O melhor é
que o PSDB do Marcello Alencar
(governador) se entenda com o
PFL do César Maia (ex-prefeito e
virtual candidato a governador).
Mas isso é lá com eles."
Congresso
Uma coisa já está certa: até o final
do ano, Fernando Henrique espera prorrogar a CPMF (Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira) por mais onze meses. Desta vez, será mais fácil. Basta a maioria simples dos votos do
Congresso, não mais três quintos.
O governo já concluiu que deve
tentar aprovar tudo o que for possível no Congresso até setembro,
no mais tardar outubro. Depois,
começa o ritmo de eleição e a tendência é os parlamentares se dedicarem mais a seus Estados.
O presidente avisa que cada ministro deve decidir por sua conta
se vai voltar ou não ao Congresso
para se candidatar a uma vaga na
Câmara ou no Senado. Ele não vai
se meter.
Quanto ao retorno do senador
José Serra (PSDB-SP) ao governo, Fernando Henrique não se
compromete: "Ele volta quando
quiser", diz. "Eu sempre digo que
ele deve seguir a carreira política e
deixar de querer ser economista,
porque a economia não vai mais
eleger ninguém. Ministro dessa
área não se elege nem deputado",
tem dito em conversas informais.
Suframa
O presidente confirma que o superintendente da Suframa, Mauro
Costa, será substituído. Seus assessores acrescentam que Costa fora
nomeado por ser um técnico, com
orientação de não se envolver em
política.
Numa recente viagem a Manaus,
porém, Fernando Henrique surpreendeu-se quando o superintendente foi visitá-lo na companhia
do secretário-geral do PSDB, deputado Arthur Virgílio Neto
(AM). Os dois, inclusive, tiraram
fotos juntos.
Conforme reclamou o presidente informalmente, Costa não poderia se envolver com o governador Amazonino Mendes (PFL),
mas também não poderia cair no
outro lado, de seus adversários locais. É o caso de Virgílio.
Crises estaduais
O estopim das manifestações da
PM de Minas Gerais, na opinião do
Palácio do Planalto, foi a concessão de aumentos salariais exclusivamente para a cúpula da organização, excluindo a tropa. Não há
uma avaliação definitiva, ainda,
sobre o efeito da crise na popularidade do governador tucano
Eduardo Azeredo.
Fernando Henrique também
evita posições definidas no caso de
Santa Catarina, onde o governador Paulo Afonso Vieira está
ameaçado de impeachment por
envolvimento no escândalo dos
precatórios. Diz que recebeu senadores do PFL para discutir o assunto, mas que não tem conclusão. Acha, apenas, que Paulo
Afonso ainda tem chances de salvar o mandato. O governo federal,
frisa, tem pouco a fazer nesse caso.
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