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RUMO ÀS ELEIÇÕES
Apesar de decisão do STF contrária à participação, candidato usa última chance de TV antes do horário gratuito
Ciro aparece e fala em programa do PTB
RENATA LO PRETE
DA REPORTAGEM LOCAL
Imagens e declarações do candidato da Frente Trabalhista à Presidência da República, Ciro Gomes (PPS), foram utilizadas no
programa nacional do PTB exibido ontem na televisão.
A aparição se deu a despeito de
decisão do Supremo Tribunal Federal, que anteontem negou pedido de liminar apresentado pela
frente contra a norma que impede
a participação, na propaganda
institucional de um partido, de
político filiado a outra sigla.
A proibição, descrita no artigo
45 da Lei dos Partidos, está no
centro de acirrada disputa entre
as campanhas de Ciro e de José
Serra (PSDB). Com base no artigo, os tucanos vêm tentando limitar a visibilidade de Ciro ao exíguo tempo do PPS, mantendo-o
longe dos horários das siglas aliadas (PTB e PDT).
No STF, a frente argumentou
que a proibição viola o princípio
constitucional da liberdade de expressão e pensamento. O presidente do tribunal, ministro Marco Aurélio de Mello, foi o único a
concordar com a interpretação.
Mesmo com a liminar negada, a
campanha optou por levar adiante, tal como planejado, o último
programa de que o candidato dispunha antes do início, em 20 de
agosto, do horário eleitoral gratuito (além dos 20 minutos de ontem, restam apenas comerciais
amanhã e domingo).
A decisão levou em conta o papel desempenhado pela TV no recente movimento de Ciro em pesquisas de intenção de voto.
Na esteira de suas aparições televisivas em junho, o ex-governador do Ceará subiu de 9% para
16% no último levantamento do
instituto Vox Populi, depois de
meses alternando quedas e períodos de estagnação.
O efeito positivo ocorreu apesar
das intervenções do PSDB, que
conseguiu obter no Tribunal Superior Eleitoral a suspensão de
comercial do PTB com participação direta de Ciro.
A peça foi substituída por outras protagonizadas por Patrícia
Pillar, namorada do candidato.
Os tucanos tentaram, sem sucesso, tirar do ar também a atriz.
Com o programa de ontem, a
equipe de Ciro espera novas ações
por parte da campanha de Serra.
Mas avalia que, se punições vierem, deverão recair sobre futuros
horários partidários do PTB, não
sobre o candidato da frente.
A decisão do Supremo não
menciona possibilidades de punição. No TSE, a chance de impugnação do candidato que ferir o artigo 45 foi aventada pelo ministro
Fernando Neves, mas não consta
de deliberação do tribunal.
Como medida de precaução, assessores de Ciro trataram de
apressar o registro da candidatura
e da coligação no TSE. Apresentado em 15 de junho, cinco dias depois da convenção conjunta dos
três partidos, o pedido foi deferido no início da noite de ontem,
cerca de uma hora antes da exibição do programa do PTB.
No entender de Helio Parente,
um dos advogados da campanha,
a nova situação diminui o espaço
para contestações judiciais. "Possibilidade de ação sempre existe",
diz, "mas, com o pedido de registro deferido, evoluímos de um
pressuposto de coligação para
uma coligação de fato, o que torna
nossa situação mais confortável".
Colaborou SILVANA DE FREITAS, da Sucursal de Brasília
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