PAULO PEIXOTO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM JUIZ DE FORA

A evocação dos ideais socialista e a pregação da unidade latino-americana deram o tom na aula inaugural do curso de pós-graduação em Estudos Latino-Americanos para militantes de movimentos sociais do campo, principalmente os do MST, realizada na noite de anteontem pelo ministro de Educação Superior de Cuba, Fernando Vecino Alegret, 65, na UFJF (Universidade Federal de Juiz de Fora).
Além dos 65 militantes (todos com o terceiro grau concluído) matriculados no curso, organizado em conjunto pela universidade e pelo MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), vários estudantes e a reitoria da UFJF encheram o auditório da faculdade de direito para participar da aula de Alegret.
Não faltaram músicas revolucionárias e encenações feitas pelos sem-terra, cujos textos lembravam as lutas de pessoas como o cubano José Martí, o chileno Salvador Allende e o brasileiro Carlos Marighella. A Internacional foi cantada de pé por quase todos os presentes (300 pessoas), algumas com a mão esquerda cerrada e erguida.
Alegret citou os ideais da revolução, falou das "horrendas torturas" a que eram submetidos os cubanos que se opunham ao governo de Fulgêncio Batista e a vitória do movimento, do qual participou como integrante da Coluna 1 do Exército Rebelde em Sierra Maestra. Disse que a reforma agrária foi um dos primeiros atos de Fidel Castro.
"A primeira coisa pós-revolução foi a reforma agrária. Terras com mais de 60 ha foram distribuídas, muitas de companhias norte-americanas", disse ele.
O ministro, que está no cargo há 27 anos, falou dos "princípios socialistas" na área da educação, nos programas de amparo aos idosos e até das deformações auditivas e genéticas de crianças recém-nascidas. "Isso é um problema do governo, um problema da revolução. É preciso, cada vez mais, buscar a justiça social." Alegret encerrou sua aula pregando a unidade dos países latino-americanos.


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