|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
MINISTÉRIOS
Matarazzo é cotado para o Desenvolvimento, no lugar de Lafer
FHC procura nomes para
fazer reforma em julho
FERNANDO RODRIGUES
da Sucursal de Brasília
Se já tivesse nomes disponíveis e a certeza de que não aparecerá nenhum escândalo em julho, o presidente Fernando Henrique Cardoso daria como certa uma reforma ministerial no
mês que vem.
O problema é que os nomes ainda não estão disponíveis, o
presidente não sabe o que fazer com os eventuais ministros
que podem perder seus cargos e não há garantia de que julho
seja, como deseja o governo, um mês sem atropelos e escândalos na área política.
Ainda assim, segundo a Folha apurou, o presidente está convencido de que precisa de alguns novos ministros para tentar
reverter para o governo a melhora, ainda que parcial, em alguns indicadores econômicos.
Quanto a uma calmaria na área política, a esperança é que o
recesso parlamentar em julho seja suficiente para manter um
clima de paz entre os principais partidos aliados. No governo
FHC, será a primeira vez em que haverá recesso em julho.
Segundo a Folha apurou com interlocutores próximos ao
presidente Fernando Henrique Cardoso, é o seguinte o que se
fala dentro do governo sobre reforma ministerial em gestação:
1)Andrea Matarazzo -Atual
secretário de Comunicação, é considerado um nome possível para
substituir Celso Lafer no Ministério do Desenvolvimento.
Um nome sempre forte para o
Desenvolvimento é o de Paulo Cunha, empresário do Grupo Ultra
(do setor petroquímico). Mas Cunha fez duras críticas ao governo
nesta semana e esfriou o entusiasmo de FHC.
Matarazzo, que é tucano, quase
foi ministro das Comunicações,
mas teve de ceder o lugar para Pimenta da Veiga no final do ano
passado. Agora, é considerado por
FHC um reserva de luxo, pronto
para entrar no time principal.
Outro nome tucano cotado para
o Ministério do Desenvolvimento
é o deputado federal Alberto Goldman (PSDB-SP), que no passado
foi do PMDB.
2)Pimenta da Veiga - Apesar da antiga amizade que tem com
o ministro das Comunicações,
FHC considera o desempenho de
Pimenta da Veiga ruim. Suas declarações como coordenador político quase nunca ajudam.
No cargo de ministro das Comunicações, também não satisfaz o
Planalto. Nomeou Egydio Bianchi
para presidir os Correios, uma
pessoa que era de confiança de Sérgio Motta (morto em abril do ano
passado), mas teria escolhido uma
diretoria fraca, na opinião de conselheiros de FHC.
Por tudo isso, Pimenta deve deixar os cargos que ocupa e voltar
para a Câmara, onde é deputado
federal eleito por Minas Gerais. O
problema é como fazer isso sem
humilhar o atual ministro.
O ideal para FHC seria colocar
Pimenta num cargo de líder -pois
a opinião do Planalto é que os líderes governistas têm desempenho
apenas mediano. Uma possibilidade é a liderança do governo na Câmara, hoje ocupada por Arnaldo
Madeira (PSDB-SP). Madeira é
considerado discreto demais para
a função.
O único líder partidário governista que tem agradado ao Planalto
é o deputado Arthur Virgílio
(PSDB-AM), na liderança do governo no Congresso. Virgílio era
tido como uma incógnita antes de
sua indicação em maio. Mas seu
desempenho satisfaz FHC.
3)Celso Lafer - É certa a sua
saída do Ministério do Desenvolvimento. Deve voltar a ser embaixador. Poderia até ocupar o cargo de
ministro das Relações Exteriores,
mas isso dependeria de algum arranjo para satisfazer o atual chanceler, Luiz Felipe Lampreia.
FHC gosta muito de Lampreia e
deseja dar a ele um bom cargo,
possivelmente na presidência de
algum organismo internacional.
Caso isso não seja possível, Lampreia permanece no Itamaraty. E
Celso Lafer teria de se contentar
com alguma embaixada.
4)Clóvis Carvalho - Há várias possibilidades em estudo para
resolver a Casa Civil. FHC ainda
não formou um juízo definitivo a
respeito do melhor caminho.
A possibilidade mais radical seria simplesmente demitir Carvalho. Também é a hipótese mais remota, pois o presidente tem apreço
pessoal pelo ministro.
A segunda saída seria colocar
Carvalho em algum outro ministério. Mas o mais provável é que ele
continue no Planalto, tratando de
toda a burocracia ligada ao dia-a-dia da Presidência, como assinatura de documentos e funcionamento operacional do palácio. Perderia, porém, o poder que hoje mantém sobre diversas secretarias de
Estado. A parte política da Casa Civil seria entregue a outra pessoa.
O problema de FHC é encontrar
essa pessoa capaz de receber atribuições políticas dentro da Casa
Civil. Voltou-se a falar em Brasília,
recentemente, no nome de José Richa, tucano e ex-governador do
Paraná. Mas Richa não tem interesse.
Outro que poderia voltar é Euclides Scalco, coordenador da campanha da reeleição de FHC. Scalco
só não está no governo porque
FHC ofereceu a ele, no final do ano
passado, um posto hierarquicamente subordinado a Clóvis Carvalho. Com a perda de poder de
Carvalho, ficaria viabilizada a entrada de Scalco no governo.
5)Renan Calheiros - Vários
aliados do governo continuam exigindo a saída do ministro da Justiça. FHC também ficou irritado
com Calheiros por causa do episódio da nomeação do diretor-geral
da PF. O problema do presidente é
que o cargo é do PMDB, que teria
dificuldades para encontrar substituto.
O PSDB já tem um nome pronto
para a Justiça: o deputado federal
Aloysio Nunes Ferreira (SP), atual
relator da reforma do Judiciário.
Mas a indicação de Nunes Ferreira só seria possível se FHC desse ao
PMDB um outro ministério, para
compensar a perda da pasta da
Justiça.
6)Francisco Turra - por ser
de um partido enfraquecido, o
PPB, está prestes a perder a cadeira
ocupada no Ministério da Agricultura. O partido receberia uma posição menos importante no governo.
Com a saída de Turra, o Ministério da Agricultura pode ser usado
no remanejamento que FHC fará
no primeiro escalão.
Está descartada a ida do deputado federal Delfim Netto (PPB-SP)
para a pasta da Agricultura. Além
de ele ser do PPB, um partido que
está definhando (tinha 77 deputados há um ano e hoje só tem 50), há
outros dois motivos. O primeiro é
que FHC nunca o convidou formalmente nem teria coragem de
fazê-lo, pois Delfim participou ativamente do governo militar. O segundo motivo é que Delfim não está interessado em algo menor que
o Ministério do Desenvolvimento.
Se a pasta do Desenvolvimento
fosse entregue a Delfim, na opinião
de FHC, segundo a Folha apurou,
haveria atritos indesejáveis entre o
pepebista e Pedro Malan (Fazenda). Como FHC não quer mexer
em Malan agora, está descartada a
entrada de Delfim no governo. Outro que está firme em seu posto é o
ministro do Planejamento, Pedro
Parente.
Texto Anterior: Contraponto: As duas viúvas Próximo Texto: Previdência: Governo insiste em impor idade mínima Índice
|