São Paulo, Segunda-feira, 28 de Junho de 1999
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RIO GRANDE DO SUL
ACM critica uso do nome de FHC em campanha

da Sucursal de Brasília

da Agência Folha, em Porto Alegre

O presidente do Senado, Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA), disse que não gostaria de comentar a atitude do ministro Eliseu Padilha, que usou o nome do presidente Fernando Henrique Cardoso na campanha do ano passado para pedir votos para Antônio Britto, candidato derrotado do PMDB ao governo do Rio Grande do Sul.
Ainda assim, ACM fez um comentário teórico a respeito docaso: "Eu acho sempre muito arriscado, em qualquer oportunidade, falar em nome do presidente da República. Eu, na Bahia, em campanhas eleitorais, nunca faço isso".
A Folha revelou ontem que Padilha (Transportes) disse a empresários gaúchos antes do segundo turno que FHC mandara um recado: se Britto não vencesse a eleição contra Olívio Dutra (PT), o Estado deixaria de ser prioridade para o presidente.
Dutra acabou vencendo a eleição. Padilha disse que citou o nome de FHC de forma inadvertida e creditou seu erro ao "espírito de campanha".
Padilha afirmou ontem que os últimos seis meses demonstraram que ele estava "com a razão" ao dizer a empresários gaúchos que a vitória de Dutra afastaria investimentos no Estado.
No primeiro semestre do governo de Dutra, o Rio Grande do Sul perdeu a fábrica da Ford depois que o governo estadual desistiu de conceder incentivos fiscais à montadora. Padilha disse lamentar o vazamento de uma conversa privada.
O governador gaúcho, Olívio Dutra (PT), disse que a União interveio para a Ford se instalar na Bahia, governada pelo PFL, negociando com a empresa dois meses antes de ela deixar o Rio Grande do Sul.
O governador definiu como "amostra da macropolítica perversa utilizada pelo governo federal" e "a mais baixa e desqualificada política" a atitude de Padilha no uso do nome de FHC na campanha de Britto.
"O jogo era tão pesado que os derrotados ainda não assimilaram a derrota e trabalham contra nós munidos de grande preconceito", disse Dutra.
O governo gaúcho entrará com uma medida judicial caso a União conceda à Ford incentivos previstos no sistema automotivo para o Nordeste.
"É estranho a Ford, tendo contencioso com um ente federado, ser reverenciada pelo governo federal, que incita a guerra fiscal. O Estado não é curral de quem tem cargo importante no governo federal", disse Dutra, que chamou de "negócios nebulosos" as concessões de incentivos fiscais a empresas pelos governos. "Governadores tiram breves vantagens políticas e destroçam seus Estados."
O Diretório Nacional do PT anunciou ontem que o partido vai entrar, junto à Justiça Eleitoral, com representação contra Padilha e FHC por abuso de poder político e de autoridade em favor da candidatura de Britto.










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