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Negociadores têm como meta evitar o "efeito México"
dos enviados especiais ao Rio
O México é o exemplo essencial
do que tanto a União Européia como o Brasil querem evitar ao decidirem lançar as negociações para
criar futuramente uma zona de livre comércio entre os dois blocos.
O lado europeu é explícito no uso
do México como antiexemplo: trabalho preparado pela Comissão
Européia, o braço executivo do
conglomerado de 15 países, cita
números sobre a expansão das exportações norte-americanas para
o México, desde a criação do Nafta
(o acordo de livre comércio entre
EUA, Canadá e México).
As compras mexicanas nos EUA
pularam de US$ 41 bilhões, em 94
(criação do Nafta), para US$ 79 bilhões no ano passado.
Conclusão óbvia
Desses números, a UE extrai a seguinte e óbvia conclusão: "Este é o
risco que podem correr os interesses da União Européia no caso da
criação da Alca em 2005".
A Alca é a Área de Livre Comércio das Américas, com todos os
países americanos, menos Cuba.
Do lado brasileiro, o México é citado apenas em conversas reservadas de seus altos funcionários, por
meio da frase-padrão: "Não queremos ser o México".
Trata-se de alusão ao fato de que
o comércio mexicano, nos dois
sentidos, está praticamente todo
concentrado nos EUA, ao passo
que a diplomacia brasileira orgulha-se de o país comercializar bens
em proporções parecidas com os
grandes blocos.
Para evitar o efeito México, Brasil
e UE trabalham com diferentes
áreas de interesse.
O Brasil quer abrir o mercado europeu de produtos agrícolas e alimentares, uma área que já responde por 40% do PIB brasileiro (Produto Interno Bruto, soma de riquezas produzidas por um país).
Lista ampla e diversificada
Já os europeus apresentam uma
lista bem mais ampla e diversificada, mas que também passa pela
área agrícola-alimentar.
Em queijos, por exemplo, a UE
queixa-se de tarifas de importação,
no Mercosul, oscilando entre 31%
e 55%.
Mas a principal atração do mercado do Mercosul-Chile, para os
europeus, é área industrial e de
serviços.
O elenco de setores que a UE gostaria de abrir para sua produção é
amplo, mas a lista começa por máquinas e equipamentos, veículos e
material de transporte.
Nos serviços, transporte marítimo e telecomunicações são os dois
alvos prioritários.
Tudo somado, conclui o documento europeu: "Atualmente, os
EUA negociam no marco da Alca
todos esses elementos. A ausência
de um acordo com a UE beneficiará as exportações norte-americanas para o Mercosul e o Chile".
(CLÓVIS ROSSI e
DENISE CRISPIM MARIN)
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