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"Polêmicas são políticas e não correspondem à realidade",
afirma no Rio presidente da França, que aponta um déficit de
US$ 2 bilhões na balança agrícola de seu país com Brasil e Argentina
Protecionismo europeu é lenda, diz Chirac
do enviado especial ao Rio
O presidente da França, Jacques
Chirac, disse ontem que "o protecionismo europeu é uma lenda".
A declaração foi feita a jornalistas após encontro de uma hora que
teve com seu colega brasileiro, Fernando Henrique Cardoso.
Como argumento, disse que os
franceses têm déficit de US$ 2 bilhões na balança agrícola com Brasil e Argentina. "Vocês chamam isso de protecionismo? Não se deixem impressionar por polêmicas
que são políticas e não correspondem à realidade", disse Chirac.
A resistência da França ao início
das negociações entre União Européia e Mercosul (Brasil, Argentina,
Uruguai e Paraguai) mais Chile
quase condenaram a cúpula do Rio
ao fracasso antecipado.
Chirac vetou, em reunião com
seus colegas europeus em Colônia
(Alemanha), em 4 de junho, a autorização para o anúncio das conversações, previsto para hoje.
Pressionado por Espanha, Portugal e latino-americanos, voltou
atrás. Mas a França, que dá grandes subsídios a seus produtores
agrícolas, continuou a restringir
decisões assertivas sobre o futuro
das negociações com o Mercosul.
Por exemplo, em relação à fixação de uma data-limite para elas. O
Mercosul queria estabelecer 2005
como prazo final, a fim de obter o
máximo poder de barganha tanto
com a União Européia quanto com
os EUA, com quem negocia a Área
de Livre Comércio das Américas
(Alca), que tem como alvo estar
pronta em 2005.
A FHC, Chirac disse que "houve
agitação sobre as posições da França", mas afirmou que "a via está
traçada e vamos segui-la".
O brasileiro deu boas-vindas ao
francês lembrando que a idéia da
cúpula iniciada hoje foi lançada
pelos dois, em Brasília, em 1997.
Eles conversaram sobre diversos
temas da agenda internacional, como a Guerra dos Bálcãs. Chirac explicou o apoio francês à ação militar contra a Iugoslávia e FHC disse
que a Organização das Nações
Unidas (ONU) deve ter primazia
nesse tipo de assunto.
Chirac manifestou satisfação pelo fato de o vôo diário entre Caiena
(Guiana Francesa) e Macapá e Belém (na Amazônia brasileira) estar
tendo altos índices de ocupação,
como reflexo do crescente intercâmbio entre esse território francês na América do Sul e o Brasil.
Os dois falaram sobre a situação
econômica brasileira. Chirac afirmou que a percepção internacional é de que ela melhorou muito.
FHC deu razão ao colega e lembrou a ele que o Brasil está tendo
uma safra recorde este ano, o que
motivou Chirac a se referir de novo
ao déficit de seu país na balança
agrícola com o Brasil.
Questões sociais também ocuparam a agenda de Chirac e FHC. O
brasileiro disse que 96% das crianças em idade escolar no país estão
estudando. Ambos reafirmaram
que, na cúpula, os problemas sociais devem ter a mesma prioridade que os econômicos.
(CELS)
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