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Portugal vê "corrida"
entre Europa e EUA
ELVIRA LOBATO
da Sucursal do Rio
O ministro dos Negócios Estrangeiros de Portugal, Jaime Gama,
disse ontem que a União Européia
está numa ""corrida contra o tempo" para fechar o acordo de livre
comércio com os países do Mercosul antes que os Estados Unidos
consigam implantar a Alca (Área
de Livre Comércio das Américas).
Na avaliação do chanceler português, a UE não pode perder essa
disputa para os Estados Unidos.
""Se ela perder a corrida, será pior
para todos, porque o mundo será
menos equilibrado. Haverá menos
concorrência e menos liberdade
no plano econômico."
Gama disse que a UE quer a liberalização gradual das relações de
comércio e não uma abertura ""selvagem" de mercado. Disse que a
globalização sem regulação mínima favorece os países pobres apenas no primeiro momento.
""Os países em via de desenvolvimento são atraídos pelas facilidades da abertura nas áreas em que
têm capacidade produtiva. Mas,
no momento seguinte, são invadidos sem piedade pelas economias
ricas e ficam incapazes de gerar
grupos empresariais com escala
suficiente para assegurar que o
centro de decisão da economia
continue em seus países."
Jaime Gama disse que Portugal
tem interesse em participar de
uma área de livre comércio entre
União Européia e o Mercosul porque precisa diversificar suas exportações. Hoje, mais de 70% das
exportações portuguesas são para
a própria Europa.
A necessidade de expandir seus
mercados para investimentos e
venda de produtos fez com que o
país se juntasse à Espanha para
pressionar a França a aprovar o
mandato negociador para a Comissão Européia na Cimeira. A
França recusava-se a aprovar o
mandato por não aceitar reduzir
seus subsídios agrícolas.
Restrições
Gama disse que a redução dos
subsídios agrícolas, que facilitarão
as exportações dos países do Mercosul para a Europa, não é motivo
de preocupação para Portugal.
""Os produtos da América Latina
não concorrem com os nossos. São
completamente distintos."
Em contrapartida, o chanceler
disse que Portugal gostaria que o
Brasil eliminasse as restrições ao
capital estrangeiro na área de comunicação.
Afirmou que seu país recebe de
braços abertos os investimentos
externos nessa área e que os grupos Globo e Abril já possuem empreendimentos em Portugal.
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