São Paulo, Segunda-feira, 28 de Junho de 1999
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Portugal vê "corrida" entre Europa e EUA

ELVIRA LOBATO
da Sucursal do Rio

O ministro dos Negócios Estrangeiros de Portugal, Jaime Gama, disse ontem que a União Européia está numa ""corrida contra o tempo" para fechar o acordo de livre comércio com os países do Mercosul antes que os Estados Unidos consigam implantar a Alca (Área de Livre Comércio das Américas).
Na avaliação do chanceler português, a UE não pode perder essa disputa para os Estados Unidos. ""Se ela perder a corrida, será pior para todos, porque o mundo será menos equilibrado. Haverá menos concorrência e menos liberdade no plano econômico."
Gama disse que a UE quer a liberalização gradual das relações de comércio e não uma abertura ""selvagem" de mercado. Disse que a globalização sem regulação mínima favorece os países pobres apenas no primeiro momento.
""Os países em via de desenvolvimento são atraídos pelas facilidades da abertura nas áreas em que têm capacidade produtiva. Mas, no momento seguinte, são invadidos sem piedade pelas economias ricas e ficam incapazes de gerar grupos empresariais com escala suficiente para assegurar que o centro de decisão da economia continue em seus países."
Jaime Gama disse que Portugal tem interesse em participar de uma área de livre comércio entre União Européia e o Mercosul porque precisa diversificar suas exportações. Hoje, mais de 70% das exportações portuguesas são para a própria Europa.
A necessidade de expandir seus mercados para investimentos e venda de produtos fez com que o país se juntasse à Espanha para pressionar a França a aprovar o mandato negociador para a Comissão Européia na Cimeira. A França recusava-se a aprovar o mandato por não aceitar reduzir seus subsídios agrícolas.

Restrições
Gama disse que a redução dos subsídios agrícolas, que facilitarão as exportações dos países do Mercosul para a Europa, não é motivo de preocupação para Portugal.
""Os produtos da América Latina não concorrem com os nossos. São completamente distintos."
Em contrapartida, o chanceler disse que Portugal gostaria que o Brasil eliminasse as restrições ao capital estrangeiro na área de comunicação.
Afirmou que seu país recebe de braços abertos os investimentos externos nessa área e que os grupos Globo e Abril já possuem empreendimentos em Portugal.


Texto Anterior: Protecionismo europeu é lenda, diz Chirac
Próximo Texto: Cláusulas sociais são polêmicas
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.