|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Cláusulas sociais
são polêmicas
DENISE CHRISPIM MARIN
enviada especial ao Rio
A União Européia pode emperrar ainda mais as negociações sobre o livre comércio com o Mercosul e o Chile ao insistir na inclusão
das cláusulas social e ambiental no
acordo. Os temas são repudiados
pelos parceiros sul-americanos
nos foros internacionais.
As cláusulas impõem requisitos
mínimos sobre condições de trabalho e de proteção ao meio ambiente, além da exigência de certificações, para que os produtos de
um país possam ser colocados no
mercado externo.
"Claro que vamos insistir na
existência da cláusula social e ambiental. Sem isso, não haverá acordo", afirmou anteontem Manuel
Marín, vice-presidente da Comissão da União Européia, o braço
executivo do bloco.
A insistência européia prenuncia
o esforço que o Mercosul e o Chile
terão de fazer na Rodada do Milênio da OMC (Organização Mundial do Comércio), que deverá começar no ano 2000, para impedir a
aplicação das mesmas cláusulas no
plano multilateral.
Também indica que a possibilidade de sucesso dos sul-americanos será praticamente nula. Dessa
vez, a posição da UE é bastante similar à dos Estados Unidos e ambos deverão pressionar para a inclusão das duas cláusulas no documento final da reunião ministerial
da OMC programada para dezembro, em Seattle (EUA).
Duas tentativas anteriores dos
norte-americanos haviam fracassado. A primeira foi na reunião da
OMC em Cingapura, em 1996,
quando a argumentação dos EUA
foi derrotada pela pressão de países como a Índia e o próprio Brasil.
A outra experiência ocorreu em
maio de 1997, quando foram fechadas as regras de negociação da Alca
(Área de Livre Comércio das Américas). Por pressão do Mercosul, as
cláusulas foram tiradas do acordo.
Batida em todas essas rodadas, a
argumentação do Mercosul volta
agora na discussão com a UE.
"As cláusulas trabalhista e de
meio ambiente visam impor limites às exportações das economias
menos desenvolvidas", declarou
recentemente o ministro das Relações Exteriores, Luiz Felipe Lampreia.
Texto Anterior: Portugal vê "corrida" entre Europa e EUA Próximo Texto: Documento não condenará lei anti-Cuba Índice
|