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ENTENDA O CASO
Investigações revelaram papéis sobre espionagem
DA REDAÇÃO
No início de julho, procuradores da República abrem inquérito para esclarecer fatos ligados à guerrilha do Araguaia
(1972-1974), no sul do Pará,
identificar ossadas de militantes e apurar danos sofridos pela
população local. São colhidos
depoimentos nos quais antigos
colaboradores do Exército,
chamados de guias, se dizem
proibidos pelos militares de falar sobre o assunto.
Um escritório militar em Marabá (PA) monitora a região e
promove a distribuição de alimentos e armas aos ex-guias.
Em agosto a Folha revela que
papéis secretos do Exército
classificam movimentos sociais como "forças adversas" e
admitem "arranhar direitos
dos cidadãos" para a manutenção da ordem. Também mostra que a instituição mantém
uma rede de informantes que
espiona grupos políticos, movimentos sociais e organizações não-governamentais.
No último dia 15, a Folha
mostra que, em 98, o Exército
deflagrou um plano secreto para espionar o MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais
Sem Terra). Batizado de "Operação Pescado", é financiado
com verbas públicas ocultas,
possui duração indeterminada
e continua em vigor.
Na visão dos militares, o MST
empreende ações "com o objetivo definido de tumultuar a
ordem vigente e comprometer
a confiança nas instituições e
no regime atual do governo".
Em nota oficial, o Exército diz
que "serão apuradas eventuais
transgressões" às suas diretrizes. Questionado sobre a espionagem ao MST, o ministro do
Gabinete de Segurança Institucional, general Alberto Cardoso, defendeu a ação investigativa do Exército.
No último sábado, Dia do
Soldado, um comunicado com
críticas ao Ministério Público e
à imprensa foi lido para cerca
de 200 mil militares no país e
no exterior. "Custa ser Caxias
quando presenciamos nossa
instituição (...) ser atingida pelos que têm o dever de fiscalizar
o cumprimento dos preceitos
legais, sob a busca insensata
dos efeitos de mídia", diz o documento, assinado pelo comandante do Exército, general
Gleuber Vieira.
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