São Paulo, terça-feira, 28 de agosto de 2001

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ENTENDA O CASO

Investigações revelaram papéis sobre espionagem

DA REDAÇÃO

No início de julho, procuradores da República abrem inquérito para esclarecer fatos ligados à guerrilha do Araguaia (1972-1974), no sul do Pará, identificar ossadas de militantes e apurar danos sofridos pela população local. São colhidos depoimentos nos quais antigos colaboradores do Exército, chamados de guias, se dizem proibidos pelos militares de falar sobre o assunto.
Um escritório militar em Marabá (PA) monitora a região e promove a distribuição de alimentos e armas aos ex-guias.
Em agosto a Folha revela que papéis secretos do Exército classificam movimentos sociais como "forças adversas" e admitem "arranhar direitos dos cidadãos" para a manutenção da ordem. Também mostra que a instituição mantém uma rede de informantes que espiona grupos políticos, movimentos sociais e organizações não-governamentais.
No último dia 15, a Folha mostra que, em 98, o Exército deflagrou um plano secreto para espionar o MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra). Batizado de "Operação Pescado", é financiado com verbas públicas ocultas, possui duração indeterminada e continua em vigor.
Na visão dos militares, o MST empreende ações "com o objetivo definido de tumultuar a ordem vigente e comprometer a confiança nas instituições e no regime atual do governo".
Em nota oficial, o Exército diz que "serão apuradas eventuais transgressões" às suas diretrizes. Questionado sobre a espionagem ao MST, o ministro do Gabinete de Segurança Institucional, general Alberto Cardoso, defendeu a ação investigativa do Exército.
No último sábado, Dia do Soldado, um comunicado com críticas ao Ministério Público e à imprensa foi lido para cerca de 200 mil militares no país e no exterior. "Custa ser Caxias quando presenciamos nossa instituição (...) ser atingida pelos que têm o dever de fiscalizar o cumprimento dos preceitos legais, sob a busca insensata dos efeitos de mídia", diz o documento, assinado pelo comandante do Exército, general Gleuber Vieira.



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