|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
COMUNICAÇÕES
Definição de multimídia desagrada emissoras
Ministro apura suposta brecha para estrangeiros em regra da Anatel
ELVIRA LOBATO
DA SUCURSAL DO RIO
O ministro das Comunicações,
Pimenta da Veiga, disse ontem
que mandou investigar denúncia
feita pelas emissoras de rádio e televisão de que a Anatel (Agência
Nacional de Telecomunicações)
teria desrespeitado a Constituição
ao regulamentar o Serviço de Comunicação Multimídia.
Pimenta da Veiga reconheceu
que existe conflito de interesses
entre ministério e Anatel. Segundo ele, tais conflitos não são decorrentes da convergência tecnológica, mas da indefinição legal.
"Um dos problemas que a lei
precisa corrigir é esse conflito",
afirmou o ministro, referindo-se
ao anteprojeto da nova Lei de Serviços de Radiodifusão, que está
sendo preparado por sua equipe.
O ministro não forneceu detalhes sobre o material enviado pelas emissoras de radiodifusão.
"Mandaram uma denúncia e
mandei apurar. Não sei a extensão que isso tem. Se houver o alcance alegado pelas emissoras, é
evidente que essa medida não pode prosperar", declarou Pimenta.
O regulamento, conforme revelou a Folha no dia 20, desencadeou uma guerra entre as redes de
televisão (lideradas por Globo,
SBT, Bandeirantes e Record) e a
Anatel. As emissoras consideram
que o texto abriu espaço para que
grupos estrangeiros ofereçam serviços de radiodifusão que, pela
Constituição, são exclusivos de
brasileiros natos ou naturalizados
há mais de dez anos.
A Anatel diz que a radiodifusão,
a telefonia pública e a TV por assinatura não estão incluídas na definição do novo serviço, mas as
redes de TV consideram o texto
ambíguo. Ele permite, por exemplo, a transmissão de TV em
eventos específicos, como jogos
de futebol e shows, que seriam comercializados sob a forma de
"pay per view" (pacotes pagos).
Queda-de-braço
A Anatel publicou o regulamento do Serviço de Comunicação
Multimídia no dia 9, quando o
anteprojeto da lei de radiodifusão, preparado pelo ministério,
estava em consulta pública.
Dirigentes de Globo, SBT, Bandeirantes e Record enviaram cartas -de conteúdo idêntico- ao
ministro afirmando que o anteprojeto havia sido atropelado pelo regulamento da Anatel.
O presidente da Aesp (Associação das Emissoras de Rádio e Televisão do Estado de São Paulo),
Orlando Zovico, e o presidente da
Abert (Associação Brasileira das
Emissoras de Rádio e Televisão),
Paulo Machado de Carvalho Neto, também mandaram cartas a
Pimenta criticando a Anatel.
Para a Aesp, a agência ""excedeu
os limites legais para os quais foi
criada". A Abert afirmou que o
texto fere a Constituição.
Outro lado
A Anatel não quis comentar as
declarações do ministro.
Em recente entrevista à Folha, o
vice-presidente da agência, Francisco Perrone, disse que, pelo regulamento, o serviço multimídia
não se confunde com a radiodifusão nem com a TV por assinatura,
mas apenas oficializa e torna ""comercialmente mais palatável" a
prestação de serviços que já estão
sendo oferecidos pela internet.
Texto Anterior: Governo: MP mantém general Cardoso no Exército Próximo Texto: Governo: Corte no Orçamento não deverá atingir emendas de congressistas Índice
|