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GOVERNO
"Isso não é passível de redução", afirma deputado
Corte no Orçamento não deverá atingir emendas de congressistas
LUCIO VAZ
LUIZA DAMÉ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O dinheiro reservado para atender as emendas dos congressistas
ao Orçamento da União de 2002
será preservado do corte de R$ 2
bilhões anunciado pelo Ministério do Planejamento, segundo o
líder do governo na Comissão
Mista de Orçamento, deputado
Ricardo Barros (PPB-PR).
"Isso não é passível de redução", afirmou Barros. A proposta
de Orçamento de 2002 vai destinar cerca de R$ 1,2 bilhão para
que deputados e senadores atendam suas bases eleitorais por
meio de pequenas obras executadas, na maioria das vezes, pelas
prefeituras. São R$ 2 milhões para
cada um dos 594 congressistas,
que sugerem obras como construção de quadras esportivas e pavimentação.
O ministro Martus Tavares
(Planejamento) afirmou que a
proposta de Orçamento, a ser enviada ao Congresso até o final da
semana, sofrerá uma redução de
R$ 2 bilhões em relação aos investimentos inicialmente previstos.
As áreas que serão mais atingidas pelos cortes -transportes, irrigação, defesa e reforma agrária- vêm sofrendo, nos últimos
anos, perdas maiores do que as
agora anunciadas. No Orçamento
de 2000, esses setores tiveram
uma previsão de investimento de
R$ 7,8 bilhões, mas só conseguiram executar R$ 4,6 bilhões, o
equivalente a 59% do total.
A execução do Orçamento de
2001 é ainda mais rígida com esses
setores. Até 6 de julho deste ano,
as áreas de transportes, irrigação,
reforma agrária e defesa executaram apenas 12,3% do total previsto: R$ 7,8 bilhões.
O Ministério dos Transportes
sofreu os maiores cortes no Orçamento de 2000. Dos R$ 4,2 bilhões
previstos para investimentos
-construção e restauração de estradas, por exemplo- apenas R$
2 bilhões foram executados, incluindo os chamados "restos a pagar" (dinheiro reservado em 2000
e pago neste ano).
O Ministério da Integração Nacional, que desenvolve os programas de irrigação, executou 62%
do seu orçamento de investimento: R$ 1,5 bilhão. O Ministério da
Defesa gastou 78% de R$ 1,8 bilhão previsto. O Ministério da Reforma Agrária executou 75% do
orçamento de R$ 280 milhões.
Segundo Barros, os governistas
neste ano terão mais trabalho para manter a proposta do Executivo, que assumiu compromisso de
aumentar o superávit primário e
conceder reajuste salarial aos servidores públicos.
No acordo com o FMI (Fundo
Monetário Internacional), o governo brasileiro se comprometeu
em aumentar o superávit primário (economia para pagar juros da
dívida) de 3% para 3,5% do PIB
(soma das riquezas do país) no
próximo ano.
"Além disso ainda há essa história de corrigir a tabela do Imposto
de Renda", disse Barros, referindo-se ao projeto aprovado na Comissão de Finanças da Câmara. O
reajuste da tabela em 35,2%, segundo o governo, provoca uma
queda na arrecadação de R$ 4 bilhões ao ano. Outro ponto de
pressão no Congresso durante a
discussão do Orçamento é o reajuste do salário mínimo, que deverá contemplar apenas a inflação
do período, segundo governistas.
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