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Rainha acha que
presidente vai
ceder a apelos
EDMILSON ZANETTI
DA AGÊNCIA FOLHA,
O dirigente José Rainha Júnior disse ontem acreditar que
o presidente Fernando Henrique Cardoso vai ceder às reivindicações do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) de incluir assentados em linhas de créditos
subsidiados.
"Creio que, se o presidente
olhar um pouco para o Brasil, a
partir da nossa realidade, ele
vai mudar de opinião", afirmou, apostando no sucesso da
reunião que a CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do
Brasil) tenta marcar com o presidente da República.
Segundo Rainha, os assentados não têm condições de contrair créditos a juros de produtor rural normal. "A agricultura está falida. Como os assentados vão entrar nessa competição?", questionou.
O dirigente disse que os sem-terra vão continuar a lutar por
crédito pelo Pronaf A, com juros menores e descontos maiores, sem necessidade de avalistas ou de garantias. "Senão, os
assentamentos vão virar uma
favela rural", declarou.
Rainha disse ainda que a reunião que o MST teve com o segundo escalão do governo federal no início da semana tinha
um desfecho previsível. "Ficou
claro que o governo se isolou
da sociedade. O governo não
cumpre o que fala. É uma palhaçada do Planalto. Faz acordo e não cumpre", reclamou o
líder dos sem-terra no Pontal
do Paranapanema.
Depoimento
José Rainha Jr. prestou depoimento ontem na Polícia Federal em Presidente Prudente
(558 km a oeste de São Paulo),
em inquérito que apura incitação ao crime nas declarações
de que iria "incendiar" o Pontal
do Paranapanema.
À saída do interrogatório, ele
não fez declarações, por orientação de seu advogado Luiz
Eduardo Greenhalgh, ex-deputado federal pelo PT (Partido
dos Trabalhadores).
Segundo o advogado, o líder
do MST declarou à polícia que
não teve intenção de instigar
pessoas à prática de incêndio
durante os protestos.
"Ele explicou que muitas vezes você acaba, no auge da
emoção, falando coisas que
não têm consequências imediatas e que não teve nenhuma
intenção em transformar as
frases que a imprensa retratou
em realidade", declarou Greenhalgh, que em abril colaborou
com o criminalista Evandro
Lins e Silva na defesa de Rainha
durante o julgamento em Vitória (ES), no qual o líder do MST
foi absolvido da acusação de
co-autoria em dois homicídios.
O delegado federal Aloisio
Rodrigues, que preside o inquérito, disse que Rainha não
foi indiciado, pelo menos nesta
fase do inquérito, por falta de
provas.
Antes de concluir o relatório,
dentro do prazo de 30 dias, ele
quer tomar depoimentos de
jornalistas que escreveram sobre as declarações.
Rodrigues disse que, em
princípio, não existe razão que
justifique o enquadramento do
dirigente do MST na LSN (Lei
de Segurança Nacional).
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