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Itamar vê "covardia" por FHC
não responder à nota dos EUA
FÁTIMA GIGLIOTTI
de Paris
O governador de Minas, Itamar
Franco (PMDB), classificou ontem de "covardia" o fato de o governo Fernando Henrique Cardoso não ter respondido à nota da
Embaixada dos Estados Unidos,
que via com "preocupação" a alteração do estatuto da Cemig
(Companhia Energética de Minas).
"Essa fraqueza do governo federal é lamentável. O presidente deveria ter chamado o embaixador
em Washington e por meio dele
enviar o nosso protesto. Esta covardia do nosso governo é incrível, e eu digo isso com muita tristeza", afirmou o governador, ontem pela manhã, em Deauville, cidade balneária próxima a Paris.
"Se fosse presidente, teria reagido, mas Fernando Henrique Cardoso deve ter tido as suas dificuldades para não fazê-lo. São os
acréscimos que vão se dando à
sua biografia", completou.
A nota americana, emitida na
segunda-feira, dizia ser preocupante a exclusão dos representantes de duas companhias norte-americanas do Conselho de Administração da Cemig e alertava
para um possível "abalo" nas confiança dos investidores externos
no país.
Recurso
Itamar Franco afirmou que vai
respeitar a decisão do Tribunal de
Justiça de Minas Gerais de reintegrar o grupo formado pelas norte-americanas AES, Southern Eletric
e pelo banco brasileiro Opportunity, ao Conselho de Administração da Cemig.
"Mas assim que o acórdão do
tribunal for publicado, nós vamos
entrar com embargos à decisão",
afirmou o peemedebista.
O ministro das Relações Exteriores, Luiz Felipe Lampreia, que
está em Paris, recusou-se a comentar as críticas de Itamar. "Estou fora do Brasil há vários dias e
não posso falar sobre esse assunto", disse após realizar a conferência inaugural da disciplina Mercosul no Instituto de Ciências Políticas de Paris.
Debate
Itamar Franco insistiu mais
uma vez no desafio lançado no
domingo ao presidente do Banco
Central, Armínio Fraga, para um
debate em Nova York na presença dos mesmos investidores americanos que o ouviram dizer que a
decisão do governo mineiro, no
caso da Cemig, abalava a credibilidade do Brasil no exterior.
O governador acrescentou que
o debate poderia acontecer com o
ministro Pedro Malan, "uma pessoa mais cuidadosa". "O outro está há muito tempo fora do Brasil e
se acovardou", afirmou o peemedebista mineiro.
Sobre a provável perda de credibilidade dos investidores estrangeiros, Itamar disse que estava na
França abrindo caminho para investimentos de bancos franceses
em Minas Gerais.
"Ontem fechamos acordo de
cooperação para captação de recursos e para o financiamento de
pequenas e médias empresas com
o Groupe Banque Populaire, o
quarto maior grupo de bancos da
França", disse Itamar Franco.
O governador de Minas esteve
em Deauville a convite de Steve
Gentilli, presidente do banco popular La Bred, um dos 30 bancos
do grupo francês.
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