São Paulo, Quinta-feira, 28 de Outubro de 1999
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Itamar vê "covardia" por FHC não responder à nota dos EUA

FÁTIMA GIGLIOTTI
de Paris

O governador de Minas, Itamar Franco (PMDB), classificou ontem de "covardia" o fato de o governo Fernando Henrique Cardoso não ter respondido à nota da Embaixada dos Estados Unidos, que via com "preocupação" a alteração do estatuto da Cemig (Companhia Energética de Minas).
"Essa fraqueza do governo federal é lamentável. O presidente deveria ter chamado o embaixador em Washington e por meio dele enviar o nosso protesto. Esta covardia do nosso governo é incrível, e eu digo isso com muita tristeza", afirmou o governador, ontem pela manhã, em Deauville, cidade balneária próxima a Paris.
"Se fosse presidente, teria reagido, mas Fernando Henrique Cardoso deve ter tido as suas dificuldades para não fazê-lo. São os acréscimos que vão se dando à sua biografia", completou.
A nota americana, emitida na segunda-feira, dizia ser preocupante a exclusão dos representantes de duas companhias norte-americanas do Conselho de Administração da Cemig e alertava para um possível "abalo" nas confiança dos investidores externos no país.

Recurso
Itamar Franco afirmou que vai respeitar a decisão do Tribunal de Justiça de Minas Gerais de reintegrar o grupo formado pelas norte-americanas AES, Southern Eletric e pelo banco brasileiro Opportunity, ao Conselho de Administração da Cemig.
"Mas assim que o acórdão do tribunal for publicado, nós vamos entrar com embargos à decisão", afirmou o peemedebista.
O ministro das Relações Exteriores, Luiz Felipe Lampreia, que está em Paris, recusou-se a comentar as críticas de Itamar. "Estou fora do Brasil há vários dias e não posso falar sobre esse assunto", disse após realizar a conferência inaugural da disciplina Mercosul no Instituto de Ciências Políticas de Paris.

Debate
Itamar Franco insistiu mais uma vez no desafio lançado no domingo ao presidente do Banco Central, Armínio Fraga, para um debate em Nova York na presença dos mesmos investidores americanos que o ouviram dizer que a decisão do governo mineiro, no caso da Cemig, abalava a credibilidade do Brasil no exterior.
O governador acrescentou que o debate poderia acontecer com o ministro Pedro Malan, "uma pessoa mais cuidadosa". "O outro está há muito tempo fora do Brasil e se acovardou", afirmou o peemedebista mineiro.
Sobre a provável perda de credibilidade dos investidores estrangeiros, Itamar disse que estava na França abrindo caminho para investimentos de bancos franceses em Minas Gerais.
"Ontem fechamos acordo de cooperação para captação de recursos e para o financiamento de pequenas e médias empresas com o Groupe Banque Populaire, o quarto maior grupo de bancos da França", disse Itamar Franco.
O governador de Minas esteve em Deauville a convite de Steve Gentilli, presidente do banco popular La Bred, um dos 30 bancos do grupo francês.


Texto Anterior: Minas usa Cemig para arrecadar R$ 276 mi
Próximo Texto: Governo derrubou na Justiça direito de veto de sócio privado
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.