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Governo derrubou na Justiça direito de veto de sócio privado
da Reportagem Local
O governo Itamar Franco
(PMDB) conseguiu derrubar na
Justiça o direito de veto dos acionistas privados da Cemig, que era
o principal ponto do acordo firmado em 1997, durante a gestão
de Eduardo Azeredo (PSDB).
O antecessor de Itamar vendeu
33% das ações ordinárias da Cemig. Essas ações dão direito a voto e permitem a influência nos rumos da empresa. O Estado, porém, manteve 51% dessas ações e
o controle da companhia. Ou seja,
a Cemig não foi privatizada.
Apesar de manter o controle da
empresa, o Estado fez acordo de
acionistas pelo qual os sócios privados poderiam vetar todas as decisões que envolvessem valores
superiores a R$ 1 milhão, caso não
concordassem com elas.
Os 33% das ações ordinárias foram comprados pelas norte-americanas AES e Southern Electric,
em sociedade com o banco brasileiro Opportunity. As empresas
pagaram R$ 1,3 bilhão pela participação na Cemig.
O acordo de acionistas previa
que os sócios privados indicariam
4 dos 11 integrantes do Conselho
de Administração e 3 dos 8 diretores da empresa. O poder de veto
decorria da exigência de quórum
qualificado para aprovação de decisões, o que, na prática, exigia a
concordância dos sócios privados. No caso do Conselho de Administração, por exemplo, o quórum era de 8 dos 11 votos.
Assim que tomou posse, em janeiro deste ano, Itamar começou
a se movimentar para rever o
acordo de acionistas firmado por
seu antecessor -uma de suas
promessas de campanha.
No dia 27 de setembro, o governador conseguiu liminar no TJ
(Tribunal de Justiça) que derrubava o poder de veto dos sócios
privados e afastava seus representantes da diretoria da empresa.
Com a decisão do TJ, as deliberações passaram a ser tomadas
por maioria simples, o que garante a vitória dos representantes do
Estado em todas as votações.
Anteontem, os sócios privados
conseguiram rever parcialmente
a decisão do TJ. Eles retomaram
seus lugares na diretoria da empresa, mas continuam sem o poder de veto.
Em sua defesa, os sócios privados da Cemig argumentam que
pagaram mais que o valor de mercado das ações ordinárias justamente para ter poder de influenciar as decisões da empresa.
Disputa
A disputa atual entre Itamar e os
sócios privados da Cemig já se desenhava no ano passado, quando
Itamar estava em campanha eleitoral e prometia que iria rever o
acordo de acionistas da estatal,
caso fosse eleito.
O governador mineiro é contra
a venda de parte da empresa, feita
na gestão do seu antecessor,
Eduardo Azeredo (PSDB). Itamar
acha que a Cemig foi "entregue ao
capital especulativo internacional", devido à cláusula do acordo
que dava o poder de veto aos sócios privados.
Após a posse, cumprindo a promessa de campanha, o governador mineiro aprovou uma CPI
(Comissão Parlamentar de Inquérito) na Assembléia Legislativa mineira para apurar os termos
da venda das ações.
Colaborou Agência Folha, em Belo Horizonte
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