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PRIVATIZAÇÃO
Arquivamento de processo sobre suposto favorecimento em leilão favorece também Lara Resende e Borges
TCU absolve Mendonça no caso Telebrás
ABNOR GONDIM
da Sucursal de Brasília
O Tribunal de Contas da União
(TCU) aprovou ontem por unanimidade o arquivamento de processo instaurado em outubro de
98 para apurar possíveis irregularidades na privatização da Tele
Norte Leste, ex-Telerj, e as outras
estatais de telefonia fixa.
A decisão beneficia o ex-ministro das Comunicações Luiz Carlos Mendonça de Barros e os ex-presidentes do BNDES (Banco
Nacional de Desenvolvimento
Econômico e Social) André Lara
Resende e José Pio Borges.
Eles foram inocentados das acusações de negociação com empresas envolvidas no leilão de privatização da Telebrás, interferência
do Banco do Brasil a favor do consórcio liderado pelo Banco Opportunity e gestões para formar e
viabilizar consórcios participantes do leilão.
Grampo ilegal instalado na sede
do BNDES registrou conversas
em que Barros e Resende demonstraram preferência pela vitória do consórcio liderado pelo
Banco Opportunity no leilão da
Tele Norte Leste, realizado em julho de 1998. O leilão foi vencido
pelo consórcio Telemar.
O relatório do ministro Bento
Bugarin deteve-se apenas na divulgação de trechos do grampo
que não incluíram a participação
do presidente.
"Competição"
Ele afirmou que os acusados
tentaram "despertar o maior número de pessoas possível a fim de
que, havendo competição, o preço de venda seja maior".
Segundo ele, os acusados não
praticaram "atos de negociação
direta com possíveis participantes
do processo de desestatização da
Telebrás", como foi apontado na
representação pelas oitava e nona
secretarias de controle externo do
próprio TCU.
"Os responsáveis, considerando
as elevadas funções que desempenhavam no governo federal, praticaram atos de divulgação e propaganda na tentativa de fornecer
mais informações aos investidores internos e externos acerca das
empresas privatizandas", diz um
trecho do relatório de Bugarin.
Para o ministro, não existem
nos autos informações de que os
acusados "tenham de algum modo direcionado a venda de alguma empresa para determinado
particular ou que tenha esse particular se beneficiado de tratamento diferenciado em relação aos demais concorrentes".
O processo foi instaurado em
razão da revelação pela imprensa
de fitas do grampo instalado na
sede do BNDES no Rio de Janeiro
durante o processo de privatização da Telebrás.
Barros e Resende foram afastados dos cargos depois do escândalo político provocado pela revelação do teor das fitas.
Ao depor no Senado sobre o
grampo, o ex-ministro disse que
"nós, realmente, eu e o André, tínhamos preferência pessoal pelo
consórcio do Opportunity em relação ao da Telemar (...)".
Em maio passado, a Folha divulgou trechos de 46 fitas do
grampo no BNDES, mostrando
que o presidente Fernando Henrique Cardoso autorizou o uso de
seu nome na operação conduzida
pelos acusados para favorecer o
consórcio do Opportunity.
A decisão do TCU poderá influenciar o resultado das investigações instauradas pelo Ministério Público Federal no Rio de Janeiro para apurar suposto tráfico
de influência durante a privatização da Tele Norte Leste.
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