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PREVIDÊNCIA
Planalto retira trecho que dava ao Executivo o poder de definir o limite do salário dos outros Poderes
Governo modifica emenda sobre teto
DENISE MADUEÑO
da Sucursal de Brasília
O governo decidiu modificar a
proposta de emenda constitucional que estabelece o subteto dos
servidores públicos dos Estados e
municípios. A alteração foi sugerida pelo presidente da Câmara,
Michel Temer (PMDB-SP), que
encaminhou a nova versão da
medida ontem mesmo à CCJ (Comissão de Constituição e Justiça).
"Estamos retirando a inconstitucionalidade da emenda", afirmou o presidente da Câmara. O
relator da emenda, Darci Coelho
(PFL-TO), nomeado ontem, disse
que deverá acatar o projeto apresentado por Temer.
Temer retirou do projeto o trecho que atribuía ao Executivo a
iniciativa de propor a lei que vai limitar os salários dos servidores.
Segundo ele, o projeto original é
inconstitucional, porque fere a
autonomia do Legislativo e do Judiciário ao atribuir ao Executivo a
prerrogativa de definir o subteto
para esses Poderes.
A nova redação, no entanto,
não permite que o Legislativo e o
Judiciário fixem subtetos com valores acima do que for definido
para o Executivo.
A Constituição estabelece (inciso 12 do artigo 37) que "os vencimentos dos cargos do Poder Legislativo e do Poder Judiciário
não poderão ser superiores aos
pagos pelo Poder Executivo".
Temer retirou também da proposta do governo a possibilidade
de a União estabelecer subteto.
Ele argumentou que o governo federal estabelecerá o teto salarial,
de acordo com o definido na reforma administrativa. O teto,
maior salário pago no serviço público, deverá ser fixado por iniciativa conjunta dos três Poderes.
Com base nesse teto, os salários
do Executivo federal e do Legislativo serão definidos por lei de iniciativa de cada Poder.
As modificações feitas por Temer foram adotadas em comum
acordo com o governo.
A redação do projeto do governo foi elaborada na reunião do
presidente Fernando Henrique
Cardoso com os governadores na
sexta-feira passada. Governadores defenderam a iniciativa do
Executivo para estabelecer o subteto para os três Poderes.
Na mesma reunião, foi argumentado que a proposta não seria
aprovada no Congresso com
aquela redação. O texto foi submetido à votação durante a reunião e aprovado.
Emenda dos inativos
A emenda que estabelece a contribuição previdenciária dos servidores inativos não deverá ser alterada na CCJ, etapa preliminar
de tramitação. O relator, Inaldo
Leitão (PSDB-PB), considera o
projeto constitucional.
Leitão também deverá entregar
seu parecer hoje à comissão. Os
relatores foram indicados ontem
pelo presidente da CCJ, José Carlos Aleluia (PFL-BA), que quer
votar as emendas na próxima
quarta-feira.
"Direito adquirido tem existência abstrata. Não prevê casos concretos. Existe em tese", disse Leitão, sobre a polêmica envolvendo
a contribuição dos inativos.
O presidente do STF (Supremo
Tribunal Federal), Carlos Velloso,
afirmou, pela terceira vez, que o
Congresso deve respeitar as cláusulas pétreas da Constituição, em
referência à possibilidade de a
proposta de emenda da contribuição dos inativos ferir direitos
adquiridos.
"O Congresso pode emendar a
Constituição. O que não pode é
atentar contra as garantias fundamentais, que são parte das cláusulas pétreas. Não estou dizendo
que essa emenda fere (as garantias). Há juristas que acham que
sim. Outros acham que não."
Essa avaliação provocou anteontem um conflito entre o Palácio do Planalto e o STF, após a
reação do secretário-geral da Presidência, Aloysio Nunes Ferreira.
Ontem, Velloso disse que o mal-estar já havia sido superado, mas
afirmou que, às 16h30 de anteontem, telefonou para FHC para se
queixar de Aloysio.
"Ele (Aloysio) foi apressado,
mas, depois, me telefonou, e fumamos o cachimbo da paz."
Ontem à tarde, durante a posse
de dois novos ministros do STJ, os
dois conversaram descontraidamente. Na saída, Aloysio disse
que somente o advogado-geral da
União, Geraldo Quintão, comentará a partir de agora a questão da
contribuição previdenciária dos
servidores inativos.
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