|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
SUCESSÃO NO ESCURO
Deputado federal José Genoino, favorito, enfrenta hoje em prévia Renato Simões, da ala radical
PT vai às urnas para escolher candidato ao governo de SP
FÁBIO ZANINI
DA REPORTAGEM LOCAL
O PT escolhe hoje, em eleição
interna cuja maior dúvida é quanto à obtenção de quórum mínimo, seu candidato à sucessão do
governador de São Paulo, Geraldo
Alckmin (PSDB).
Estrela da ala moderada do partido, o deputado federal José Genoino é favorito absoluto. Contra
ele concorre o "radical" Renato
Simões, deputado estadual e presidente da Comissão de Direitos
Humanos da Assembléia.
Genoino, apoiado pelo provável
candidato à Presidência, Luiz Inácio Lula da Silva, defende a formação de uma frente de centro-esquerda para derrotar os tucanos e
Paulo Maluf (PPB).
Ele admite rever contratos de
privatização e concessão em estradas, mas não fala em anulá-los.
Sonha formar uma chapa com a
ex-prefeita Luiza Erundina (PSB)
e dar uma das duas vagas ao Senado para PDT ou PC do B.
"Vamos ter de rasgar uma alternativa de esquerda que não pode
ser só o PT. É preciso fazer um
movimento de esquerda, que dispute franjas e segmentos de centro-esquerda", diz Genoino, 55.
Criticado pela "esquerda" por sua
moderação, ele se defende dizendo ser "radical, mas não sectário".
Simões, 39, que tem o apoio de
correntes da "esquerda" partidária, adota posição radicalizada.
Rejeita o discurso aberto ao centro, dizendo que a candidatura do
partido tem de ser de "denúncia"
à atual administração. "O espaço
que temos de ocupar é o da oposição de esquerda, ao projeto neoliberal e à política que os tucanos
desempenharam. O PT moderado, que propõe uma perspectiva
de centro-esquerda, não é capaz
de apresentar alternativa", diz.
O radical é um veterano das prévias petistas. Em 98, disputou a
indicação com Marta Suplicy, obtendo 19% dos votos. Em sua plataforma, estão a reestatização do
Banespa, anulação das concessões nas rodovias e do contrato de
refinanciamento da dívida do Estado com a União, em 1997.
A prévia será acompanhada de
perto pela direção nacional petista. Em jogo, além do candidato,
está a definição do palanque de
Lula no principal Estado do país.
Uma vitória folgada de Genoino
daria ao presidenciável maior liberdade para adotar um discurso
moderado na campanha.
Já uma improvável vitória de Simões, que defende a candidatura
presidencial do prefeito de Belém,
Edmilson Rodrigues -lançado
pela esquerda para "marcar posição" no debate interno-, deixaria Lula em posição desconfortável. Em comum, o partido avalia
que o maior rival é Alckmin.
O primeiro desafio do partido
será obter quórum na prévia de
hoje. A própria direção estadual
prevê que apenas 20 mil filiados,
de um colégio eleitoral potencial
de 200 mil, aparecerão para votar.
Para validar a eleição, é necessário haver 15% dos votantes em pelo menos metade dos 410 municípios onde haverá eleição. O PT
aposta nas pequenas cidades para
atingir o quórum. Caso não seja
obtido, o candidato será definido
pelo encontro estadual do partido, no início de dezembro.
"A existência de um claro favorito na eleição [Genoino" sem dúvida é um fator de desestímulo
para a militância", diz o presidente do PT paulista, Paulo Frateschi.
Na raiz da apatia está também o
acúmulo de eleições no partido.
Há menos de dois meses, os filiados foram às urnas para eleger a
direção nacional.
Desta vez, não serão usadas urnas eletrônicas, apenas as tradicionais cédulas de papel. O partido diz que a opção não está relacionada ao fracasso na totalização
eletrônica de votos na última eleição interna. Por uma falha, o resultado final demorou quase duas
semanas para ser divulgado.
"Esta é uma eleição simples,
com apenas dois candidatos, que
não justificaria o investimento em
uma votação eletrônica", diz Frateschi. O partido promete divulgar o resultado até terça-feira.
O PT disponibilizou cartazes
para os candidatos e marcou 13
debates no Estado. Para Simões,
os debates foram marcados com
pouca antecedência e a militância
não está informada da prévia.
"Isso é bobagem", responde
Frateschi. "Demos estrutura e fizemos a divulgação. Tudo foi
acertado com os candidatos."
Texto Anterior: Massacre de Eldorado ainda não foi julgado Próximo Texto: Previdência: Grevistas querem gratificação fixa Índice
|