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Política econômica de Lula derrotará Marta, diz sociólogo
DO ENVIADO ESPECIAL A CAXAMBU (MG)
O sociólogo e economista Francisco de Oliveira disse ontem, em
Caxambu (MG), que a política
econômica do governo Lula será a
responsável pela eventual derrota
no próximo domingo da prefeita
Marta Suplicy (PT), candidata à
reeleição.
"Minha tese é que Lula é a asa
negra. A asa negra lembra o corvo", disse Oliveira, que participa
do 28º Encontro Anual da Anpocs
(Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Ciências Sociais), afirmando que o
pleito paulistano foi federalizado
e que a possível derrota de Marta
reflete um descontentamento
com o governo Lula.
Não entre os pobres, mas "num
setor ponderável das classes médias de São Paulo, que são mais liberais, quase no sentido norte-americano, e de esquerda".
"A irritação desse setor com a
política econômica de Lula é
enorme. Parte dessa irritação
transforma-se em voto anti-Marta." A vantagem da prefeita em
boa parte da periferia, analisa, é
uma resposta às políticas de renda, classificadas como "uma política assistencialista bem conduzida" -"não são propriamente políticas de esquerda".
Oliveira diz que "Lula encarna"
a irritação. "E o marqueteiro chama o Lula para São Paulo. Aquilo
causou uma irritação. Na periferia, o efeito Lula não chega -nem
pró nem contra. É o efeito das políticas [de renda]."
A reação, ele diz, é muitas vezes
o voto em Serra, por razões variadas e "matizadas". O tucano não
encarna essa política econômica
-opôs-se a ela no governo FHC,
diz Oliveira, que declara voto nulo. "O Serra não é liberal, não é
reacionário e nem conservador."
Oliveira não crê que a personalidade de Marta tenha maior impacto eleitoral. "Não acho ela particularmente arrogante. Acho
chata. O Serra é muito mais arrogante. Conheço de perto. É incapaz de dar bom dia."
Para o sociólogo, o impacto da
eventual derrota será "muito forte". "Estão atenuando o impacto,
mas é muito forte. Por uma questão óbvia: porque é São Paulo. Os
dois partidos nacionais são paulistas." A reação a uma derrota,
diz, não deve alterar a rota da política econômica. "A política econômica é muito forte e não dá para mudar de repente por causa de
uma eleição. Em outras áreas do
governo isso terá impacto."
O sociólogo diz ver efeitos desse
tipo -reação à política econômica- em outras partes do país. Em
Salvador, por exemplo, o voto no
pedetista João Henrique é representante da oposição ao senador
Antonio Carlos Magalhães (PFL).
"Esses votos seriam do PT."
Durante a campanha do primeiro turno, Oliveira foi um dos
intelectuais que lançaram um
"manifesto pelo voto crítico", ou
seja, nulo. Na época, ele explicou
sua opção pela anulação: "Não há
disputa de sentido nenhuma, para não dizer disputa ideológica,
porque isso já seria pedir demais.
Há uma disputa eleitoral, que é só
uma técnica de repartição do poder".
(RAFAEL CARIELLO)
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