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Presidente fala de clima 'destrutivo'
LEILA SUWWAN
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Em discurso ontem no Congresso, o presidente Fernando
Henrique Cardoso mandou um
recado para o futuro governo petista: a transição serve para evitar
a descontinuidade indesejada de
programas, não para juntar munição sobre os problemas da administração federal e criar um clima "destrutivo".
"Ao ganhar a oposição, a preocupação de quem governa é uma
só: informar para permitir uma
transição democrática. É fazer tudo para que o Brasil não sofra descontinuidade naquilo que os vencedores acharem que deva continuar. E para que, ao decidirem
não continuar, saibam o que estão
descontinuando, mas num espírito de construção, não num espírito de destruição", disse após receber a medalha da Suprema Distinção da Câmara dos Deputados.
O comentário do presidente é
uma reação à ameaça velada de
que os relatórios da transição preparados pelo PT apontem graves
problemas na administração.
FHC não quer deixar as críticas
sem resposta, para não ser responsabilizado por eventuais dificuldades do novo governo em
cumprir suas promessas.
Ainda em seu discurso, FHC
disse que não pretende, ao deixar
o cargo, "ser uma sobra para ninguém" porque quer analisar apenas seus próprios erros e acertos.
"[Pretendo] simplesmente fazer
reflexões para saber no que errei e
no que eventualmente poderei ter
acertado."
FHC se disse "comovido" com a
homenagem e com um comentário sussurrado em seu ouvido por
d. Paulo Evaristo Arns, também
condecorado: "Começamos juntos e terminamos juntos".
O presidente também recordou
uma lição que aprendeu quando
foi senador: "Há que negociar e
não impor, porque impondo não
se consegue alcançar um objetivo
que tenha sustentação no médio e
longo prazo".
No início da cerimônia, FHC foi
timidamente aplaudido ao ser
chamado de "estadista que abrilhanta e orgulha toda a América
Latina", pelo deputado Nilton Capixaba (PTB-RO). Mas, quando
foi condecorado, foi aplaudido de
pé por uma platéia de cerca de 250
pessoas. Apenas o deputado João
Paulo Cunha, líder do PT na Câmara, permaneceu sentado.
Dos 17 condecorados, quatro
enviaram representantes para receber suas medalhas: a governadora do Rio de Janeiro, Benedita
da Silva (PT), o economista Celso
Furtado, o ex-governador Leonel
Brizola (PDT) e o cacique Raoni.
Também receberam a medalha
Antônio Ermírio de Moraes,
Leandro Konder, Zilda Arns, Nilson Fanini e Siron Franco, entre
outros. A medalha do poeta Carlos Drummond de Andrade foi
recebida por seu neto.
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