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JANIO DE FREITAS
No ar
Já se sabe, e não de hoje, que em
relação aos interesses nacionais, sobretudo se o assunto envolve interesses nacionais ou privados dos Estados Unidos, o nosso é um governo muito aéreo.
Mas a falta de alguma atitude ao
menos para salvar a face -não
a do governo, que seria tarde,
mas a do país-, em reação ao
veto à compra de 40 aviões da
Embraer pela Colômbia, é de um
acovardamento que fere, mais
do que os interesses, a dignidade
nacional.
As duas alegações aqui apresentadas em pessoa pelo subsecretário do Tesouro americano, Kenneth Dam, são ambas evidente e grosseiramente mentirosas. "Os colombianos não precisam de caças a jato" para combater suas guerrilhas, disse ele, e a compra foi suspensa porque os
colombianos aceitaram, nesse
sentido, a opinião de um conselheiro militar americano.
A única exigência para saber
que os aviões Tucano, da Embraer, não são caças a jato é não
ser cego. Sua imensa hélice não
enganaria nem os leigos, quanto
mais os militares colombianos.
E, como a própria Embraer já
ressaltou, as características do
Tucano o situam entre os mais
adequados no mundo para as
ações pretendidas na Colômbia.
E não foi por outro motivo que os
militares colombianos o selecionaram para empregar parte dos
bilhões de dólares com que os militares americanos adquiriram o
pretenso direito de intervir na
Colômbia, durante o governo colombiano anterior.
É lastimável que o Brasil se inscreva entre os vendedores de armas ao mundo. Mesmo nesse caso, porém, a já modesta soberania do país não pode ser negada
por vontades imperiais externas
ou por acovardadas omissões internas.
Na crise das empresas aéreas,
pés no chão parece ter a Fundação Ruben Berta, ao recusar o
plano de "salvação" apresentado
por um grupo de novos conselheiros mais ou menos impostos,
ex-integrantes do atual e de passados governos.
A cinco semanas de instalar-se
um novo governo, não demonstraria grande sensatez a aceitação de um plano financeiro e administrativo radical, não estando conhecidas as intenções dos
futuros governantes para os problemas na aviação comercial.
Mais significativo é que, por
trás, sob ou paralelamente ao
plano está o fantástico negócio
de venda da Varig, de fim da sua
propriedade pela Fundação Ruben Berta. A Varig é um patrimônio gigantesco, só a imagem transmitida pela simples menção
ou impressão do seu nome tem
alto valor na aviação. Não é, portanto, um patrimônio do qual
seus proprietários devam abrir
mão senão em último caso. E a
Varig não está no último caso,
embora as pressões que sobre ela
alguns credores estejam despejando, sejam quais forem seus
propósitos. Como é o caso da BR
Distribuidora e da Infraero, por
acaso ou não, entidades orientadas por pessoas do governo.
A situação administrativo-financeira pode ser grave, mas
não é o único aspecto grave nessa
história.
Inveja
"Luma de Oliveira fez a maior
doação pessoal para Lula." E
quantos sonhavam em vão, Senhor.
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