|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Apesar do desgaste, Lula recomenda "tolerância"
KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Apesar da previsão dos serviços
de inteligência de acirramento de
tensões no campo e nas cidades
em 2005, o presidente Luiz Inácio
Lula da Silva não deve mudar a linha de tolerância em relação aos
movimentos sociais. Lula planeja
ainda tomar atitudes simbólicas
para tentar melhorar a imagem
arranhada perante a tradicional
base social que o ajudou a chegar
ao poder em 2002.
Para Lula, esses movimentos
cobram as promessas e as expectativas geradas por sua eleição.
Entrar em atrito com eles seria
mortal, acredita, do ponto de vista
político e até eleitoral (ele vai tentar a reeleição em 2006).
Quando é chamado a dar um
soco na mesa em relação ao MST
(Movimento dos Trabalhadores
Rurais Sem Terra) ou a agir duramente diante de uma greve do
funcionalismo, Lula diz que não
vai "criminalizar os excluídos".
Essa linha norteou, por exemplo, a insistência na política de
boa vizinhança quando, no último "abril vermelho", o MST fez
uma série de invasões pelo país.
Era um momento delicado, na seqüência do caso Waldomiro Diniz (ex-auxiliar da cúpula do governo envolvido em corrupção) e
de notícias ruins na economia, como a queda de 0,2% do PIB (Produto Interno Bruto) em 2003, o
primeiro ano da gestão Lula, na
comparação com 2002.
Entre as medidas que pretende
adotar para atrair simpatia de
seus antigos aliados estão o desejo
de elevar o salário mínimo de R$
260 para R$ 300 e de ampliar os
recursos de financiamento para
os programas de reforma agrária
e de agricultura familiar.
Lula pretende ainda cobrar
mais resultado administrativo de
sua equipe nos dois últimos anos
de seu governo. Ele insistirá nessa
cobrança durante a reunião ministerial dos próximos dias 10 e 11,
especialmente em relação às pastas da área social.
Política econômica
O presidente tem dito a auxiliares que precisa de uma marca para seu governo que vá além do
que julga sucesso na política econômica adotada.
Na reunião da última segunda-feira com 18 ministros e o presidente do PT, José Genoino, Lula
cobrou mais eficiência dos ministros da área social quando eles
passaram a atacar Palocci. Alguns
ministros disseram que medidas
econômicas, como aumento dos
juros e do superávit primário (toda a economia do setor público
para pagar juros de sua dívida),
influenciaram nos resultados eleitorais ruins que o partido colheu
nas eleições municipais de outubro passado.
"Se tem uma coisa que está dando certo no governo é a política
econômica. O PT não pode se esconder, procurando motivos para
as derrotas, com críticas a ela",
afirmou Lula.
Em seguida, emendou, segundo
relato de ministros presentes à
Folha: "A gente precisa mostrar
resultado nas outras áreas, que é
que está faltando".
Texto Anterior: Governo prevê mais focos de tensão no campo e na cidade Próximo Texto: Fervura social: Governo pediu para a polícia espionar movimentos em SP Índice
|